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Projetos ambientais ainda são desafio para o Porto de Santos

Parte da responsabilidade é do Porto de Santos, parte do Polo Industrial de Cubatão

Anos e anos de intensa atividade portuária e fabril na Baixada Santista com nível zero de preocupação ambiental causaram impactos de difícil reversão. Os passivos estão na água e no solo, nos lixões e nos resíduos contaminantes presentes no Estuário, este, o maior débito do progresso econômico da região com sua natureza. Parte da responsabilidade é do Porto de Santos, parte do Polo Industrial de Cubatão.

O advento de novas tecnologias e o aperfeiçoamento da legislação ambiental brasileira impedem ou pelo menos limitam – o surgimento de novos passivos como estes. Mas é fato que ainda há danos ao ecossistema, como a fumaça emitida por caminhões e navios que chegam ao Porto e a produção de energia elétrica a partir da queima de combustíveis não renováveis.

Sendo assim, cabe a pergunta: como o impacto ambiental da movimentação de cargas e do tráfego de navios e caminhões no Porto pode ser menor? São os questionamentos que A Tribuna responderá na série Porto Sustentável, que começa nesta terça-feira.

Três anos atrás, a direção da Companhia Docas do Estado de São Paulo(Codesp),administradora do complexo santista,participou da primeira edição do seminário C40, em Roterdã, na Holanda. O evento reuniu prefeitos e representantes das 40 maiores cidades do mundo e debateu como elas poderiam diminuir suas agressões ao meio ambiente.

A Docas trouxe na bagagem ideias inovadoras para reduçãodo impacto de suas operações, experimentadas e aprovadas em outros complexos portuários tão importantes para a Europa e para os Estados Unidos quanto Santos para o Brasil.

Treinamentos para motoristas, a criação de linhas de crédito para a modernização da frota de caminhões,o fornecimento de energia elétrica para embarcações atracadas, o controle da velocidade dos navios.Com essas medidas, o Porto de Santos pretendia se aproximar do conceito porto verde.

De lá para cá, a maior parte das ideias continuou sendo apenas ideias.Exceção feita à regulação da velocidade das embarcações que fazem escala no Porto, que deverá ser colocada em prática quando o VTMIS,o sistema de monitoramento de navios planejado pela Codesp, sair do papel, algo esperado para meados deste ano.

O restante das propostas trazidas da Holanda sequer foi planejado. Enquanto isso, o escoadouro centenário, gigante na movimentação de cargas e na recep- ção de passageiros, continua compactuando com a emissão danosa de gases poluentes e segue sem buscar novas fontes de energia renovável para mover suas máquinas.

Uma das razões apontadas para a não execução de projetos importantes na área ambiental é a falta de profissionais qualificados. Segundo a Docas, até agosto passado o Porto contava comapenas oito especialistas. Com a contratação de novos funcionários por meio do último concurso público, realizado meses antes, o quadro passou a ter 22 nomes.

“Quando voltamos (de Roterdã), trouxemos propostas mais adiantadas de portos estrangeiros. Mas esbarramos em algumas dificuldades internas, como a falta de pessoal. Nunca houve um concurso específico para formar a área de Meio Ambiente”, explicou o diretor de Desenvolvimento Comercial da Docas,Carlos Helmut Kopittke, que representou o complexo santista no evento de três anos atrás e, na oportunidade, concedeu entrevista a A Tribuna sobre os planos da empresa.

De acordo com o diretor, a dificuldade foi ainda maior porque, nesses três anos, os profissionais de que a companhia dispunha trabalharam full time em grandes projetos, como a dragagem de aprofundamento do canal de navegação e a construção da Avenida Perimetral da Margem Direita.

Também segundo Kopittke, o Porto aguarda para abril próximo os estudos ambientais encomendados à DTA Engenharia, para embasamento do pedido de uma licença operacional (LO) para todo o complexo.

Kopittke explicou que esses estudos darão à Docas um mapa da situação ambiental do porto santista nas questões dos efluentes líquidos, das emissões atmosféricas, do tratamento de água de lastro, dos planos de emergência (como vazamentos de óleo), dos recursos hídricos, dos planos de emergência e dos vetores (como os pombos). “Depois disso, deveremos receber mais algumas condicionantes do Ibama, e então vamos planejar como tornar o porto sustentável”.

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