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Quem deve qualificar o trabalhador portuário?

O pernambucano Gilberto Barreto, que já passou pelos portos de Salvador e Ilhéus (BA) e de Recife e Suape (PE), hoje preside o Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Imbituba, em Santa Catarina.

Ele já esteve à frente, também, do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) de Suape, em 1993, por isso fala com propriedade sobre o problema da mão de obra nos portos. Nessa segunda parte da entrevista concedida ao PortoGente, Barreto critica a falta de definição sobre quem deve qualificar e como o trabalhador portuário e a não implantação da multifuncionalidade.

PortoGente – Um dos gargalos é a mão de obra, talvez a forma de conduzir a modernização dos portos não tenha atentado para a inserção e o choque cultural para os trabalhadores se adaptarem às novas demandas de operação dentro dos portos?

Gilberto Barreto – Sou um crítico ferrenho do Governo Federal nessa hora. É inadmissível que 17 anos depois da lei [8.630] ainda não se tenha consolidada a situação do trabalhador. Quando se faz um choque de gestão como se fez você precisa de duas cautelas: proteger a categoria que está sendo atingida, porque o trabalhador portuário existente na época era novo, e durante esse tempo não se cuidou desse contingente, agora está vencendo seu tempo de trabalho, partindo para a aposentadoria, e as substituições não foram cuidadas.

Quem deve qualificar esse trabalhador?

Não existe um programa definido de capacitação, quem é o órgão capacitador, quem define as necessidades. Temos a Marinha com as suas estruturas cuidando da capacitação do portuário avulso, mas aumenta a quantidade dos trabalhadores portuários dos terminais privados.

O avulso não se sente em condições físicas, emocionais e psicológicas de enfrentar novas capacitações e treinamentos. Os órgãos gestores não cuidaram da multifuncionalidade e hoje chegamos a um impasse complicado. O governo diz que esse é um problema do setor privado, mas digo que não porque o recurso de capacitação vai para o governo, que destina para a Marinha executar a capacitação.

Então se o problema é operador e trabalhador, então deixa o recurso para que se resolva o problema num nível mais próximo do porto.

Como é a relação do Porto com o município de Imbituba?

O porto é parte integrante de um núcleo mais amplo, que é a comunidade, o município e a região. Pela quantidade de problemas que eram tratados no Conselho foi sugerida a criação de uma Comissão Porto-Cidade.

Todos os assuntos que dizem respeito são discutidos e o relator é o próprio prefeito, que representa o município no CAP. O prefeito é operador portuário, que se criou dentro do porto. A comissão trata dos assuntos do hospital, dos acessos ao porto, tráfego, distrito industrial e sustentação de programas especiais.

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