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Lentidão no embarque de navios ainda não ameaça contratos

A suspensão da emissão de senhas do sistema Carga On-Line ainda não conseguiu desafogar o tráfego de caminhões que aguardam às margens da BR-277 para descarregar em Paranaguá.

A medida foi tomada pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) na ultima quarta-feira em caráter emergencial e, segundo o superintendente, Airton Maron, deveria durar apenas um dia. No início da noite de ontem, contudo, caminhoneiros ainda enfrentavam congestionamento de 20 quilômetros para chegar ao terminal.

O setor produtivo informa que a lentidão no descarregamento dos caminhões ainda não compromete o cumprimento de contratos de exportação, mas alerta para o risco de um apagão logístico durante o pico da colheita de grãos caso o problema não seja resolvido em breve.

Com parte da frota retida na fila do porto e a colheita avançando no campo, transportadoras relatam que já estaria faltando caminhões para escoar a safra e começam a reajustar os preços do frete.

Segundo Antonio Carlos Bentin de Lacerda, diretor comercial da Se­­mentes Mutuca, de Arapoti (Cam­­pos Gerais), os atrasos já teriam elevado em 50% o custo do frete curto (até 100 quilômetros) na última semana.

Alci Domingos Cozer, sócio-proprietário da Geral Agrícola, de Honório Serpa (Sudoeste do estado), conta que os congestionamentos o obrigaram a terceirizar parte do transporte dos grãos. “Contratei 30 viagens. Se minha frota não ficasse esperando na fila, poderia fazer pelo menos metade dessas 30 viagens por conta própria”, diz. Cozer diz já ter gasto mais de R$ 40 mil desde o início do ano com a contratação de veículos terceirizados. Na espera, motorista reclama de insegurança

A fila deste ano acabou com a paciência do caminhoneiro Alceu Ferrarini, que tem 50 anos de estrada. Ele garante que está encerrando seus fretes para o Porto de Paranaguá. “Esta é a última carga que eu trago. Não tem condições de trabalhar dessa forma. Este está sendo o pior ano em Paranaguá.”

Na avaliação de Alessandro Oliveira, funcionário de uma transportadora, os motoristas também perdem, ao ficarem impossibilitados de fazer novos trabalhos. “Em vez de estar aqui parado, o motorista poderia estar rendendo dinheiro com outras viagens. A transportadora também perde, com manutenção e com gasolina. Todo mundo perde”, diz.

Os agricultores também estariam tendo prejuízos. “A deficiência lá na ponta, no porto, contamina toda a cadeia e redunda em preços mais baixos para o produtor”, avalia Nelson Costa, superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Levantamento da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abas­tecimento (Seab) mostra que a cotação da soja caiu 3% neste mês.

Para o consultor da Con­federação Nacional da Agricultura (CNA) Luiz Antonio Fayet, o maior entrave é a falta de investimentos em infraestrutura portuária. “O corredor de exportação do porto paranaense precisa ser reequipado. Poderíamos carregar o dobro por dia se os equipamentos entre os armazéns e os navios fossem mais ágeis.”

Segundo Costa, da Ocepar, os compradores entendem que com chuva não é possível embarcar, mas ainda assim há um desgaste da imagem do Paraná no exterior. “O que é uma pena, porque acontece justamente em um momento de recuperação. Depois de problemas com transgênicos e o calado do porto, o estado estava começando a recuperar o espaço perdido.”

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