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Rio Itajaí-Açu acumula montanha de lixo

A cada dois dias, cerca de 60 toneladas de lixo são retiradas do Rio Itajaí-Açu, em Itajaí. São pneus, redes de pesca, ferragens, restos de móveis, fogões e até geladeiras, que por pouco não interromperam a dragagem de aprofundamento do canal de acesso e da bacia de evolução do rio. Os trabalhos são executados pela empresa belga Jan de Nul, que cogitou cancelar o serviço diante de tanta sujeira.

- É normal encontrar lixo no fundo do rio, mas essa quantidade não. Foi muito mais do que havíamos previsto - conta o diretor da empresa, Mick Formesyn.

Para dar continuidade aos trabalhos, a empresa precisou se adaptar. A caçamba de entulhos instalada dentro da draga teve de ser substituída por dois contêineres de 20 pés, que hoje armazenam o lixo retirado do rio e depois são levados a aterros em Blumenau e Chapecó. A dragagem iniciou dia 25 de março e deve ser concluída até junho. Hoje, 40 dias após o início do serviço, a quantidade de resíduos retirados do rio se mantém.

- Nós esperávamos encontrar bastante lixo por conta da enchente de 2008. Mas percebemos que somente a primeira camada recolhida é proveniente da tragédia. Grande parte do que foi retirado e do que ainda há no rio foi depositado pela população - fala o gerente de Meio Ambiente do Porto de Itajaí, Marcello Decicco Kuhn.

Um pneu de Rio do Sul pode chegar a Itajaí

O Rio Itajaí-Açu passa por nove cidades do Vale do Itajaí. Por isso, um pneu jogado no rio em Rio do Sul pode ser levado pela correnteza até Itajaí, explica o doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Leonardo Rorig. O especialista considera assustadora a situação exposta pela empresa de dragagem:

- Jogar lixo em rios é uma cultura primitiva. As pessoas herdaram e hoje não existe uma política para mudar isso. Não existe um planejamento urbano sério. Não há nas cidades locais para um fim adequado aos entulhos. E não é simplesmente recolher o lixo, é preciso educar e criar um plano de contingência.

Rorig lembra que jogar lixo em rios é considerado crime ambiental inafiançável. De acordo com o professor, a prática pode render multa e prisão. Para o Geógrafo e Oceanógrafo, Marcus Polette, a grande quantidade de resíduos encontrados no rio revela o preocupante comportamento da sociedade.

- Dados do IBGE mostram que 96% da população brasileira é alfabetizada, mas pelo o que vemos falta conscientização ambiental. Estamos precisando de uma reflexão maior. Tudo isso mostra que a política ambiental que temos hoje é insuficiente.

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