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Santos Brasil e Libra vão além dos terminais

Ao chegarem à maturidade de seu principal negócio, os dois maiores operadores portuários de contêineres brasileiros - Santos Brasil e Libra, respectivamente - apostam agora na logística.

O objetivo é ganhar musculatura com uma rede de ativos que permita às companhias venderem uma solução integrada ao cliente, indo além da operação de embarque e desembarque do navio.

Ambos os grupos criaram divisões específicas nos últimos anos. Hoje, o braço de logística já representa 18% do faturamento da holding Santos Brasil e 16%, da Libra. A receita global de ambas as companhias foi de aproximadamente R$ 800 milhões no ano passado.

Além de uma necessidade do mercado, que prefere falar com apenas um interlocutor para gerenciar toda a cadeia, a operação logística sob um mesmo guarda-chuva elimina as ineficiências - e os custos adicionais - que surgem quando o processo é pulverizado em uma rede de empresas diferentes, explica o diretor comercial da Santos Brasil, Mauro Salgado.

"O nosso grande exemplo emblemático é o contrato com a Mercedes-Benz ", diz o executivo. A empresa já importava pelo terminal portuário da Santos Brasil, em Guarujá, e fechou contrato há seis meses para o gerenciamento do seu fluxo de cargas envolvendo a fábrica no ABC paulista, inclusive a linha de montagem de caminhões.

Com um portfólio que inclui dois recintos de exportação na Baixada Santista e um porto seco em Campinas (SP), a Libra Logística planeja crescer 10 vezes em faturamento num período de cinco anos, chegando próximo a R$ 1 bilhão.

"O grupo tem duas avenidas principais de crescimento. A área portuária, com a missão de consolidar o setor, e a logística como plataforma do fluxo de comércio exterior", afirma o presidente da Libra Logística, Eduardo Leonel.

Além do crescimento orgânico, o salto será por meio de aquisições e fusões. "O foco primordial são áreas alfandegadas para que possamos ter uma malha bastante robusta, com no máximo um dia de viagem de rodovia", diz Leonel. Para ele, não há dúvida de que vai chegar um momento em que a atividade logística assumirá o mesmo percentual de importância que a portuária dentro do grupo.

De acordo com Salgado, o percentual da divisão na Santos Brasil só não tem sido maior porque o negócio portuário tem crescido muito e mantido a participação. Este ano, os três terminais da companhia (Tecon Santos, o maior do país; Tecon Imbituba; e Tecon Vila do Conde) devem movimentar 1,6 milhão de Teus (contêiner de 20 pés), crescimento de cerca de 14% sobre o ano passado. A quase totalidade é operada no Tecon Santos, cuja capacidade instalada atual é de 2,1 milhões de Teus.

Essa escala de operação só encontra paralelo no Brasil no próprio porto de Santos, com os novos projetos multiuso em construção - da Embraport e da Brasil Terminal Portuário (BTP), ambos com sócios internacionais com presença global na operação de contêineres (Dubai Ports e APM Terminals, respectivamente).

"A tendência mundial em qualquer tipo de carga, mas no contêiner em especial, é ter uma escala bastante grande, por duas razões. Primeiro, os navios estão crescendo de tamanho, porque o comércio mundial cresce. E o impacto de uma embarcação grande em um terminal pequeno é enorme.

E, segundo, porque você gera economia de escala permitindo reduzir custo com eficiência", afirma o diretor geral da BTP, Henry Robinson. "Um portêiner (pórtico que movimenta o contêiner entre o cais e o navio) é o mesmo seja num terminal pequeno ou grande, mas num terminal que tem mais volume de cargas é possível amortizar esse investimento."

O início das operações da BTP está marcado para o segundo semestre de 2012. Na primeira fase, a capacidade será para 1,2 milhão de Teus. Quando a obra estiver completa, essa oferta aumentará em 30%. Já a unidade de líquidos do terminal estará a plena carga na primeira fase, com capacidade para 1,3 milhão de toneladas/ano.

Do outro lado da margem, no Guarujá, está sendo construído o terminal privativo da Embraport, que terá capacidade para movimentar 2 milhões de Teus e estocar 2 milhões de metros cúbicos de líquidos. Atualmente a empresa está encomendando 12 portêineres. "Em mais 15 dias devemos fechar a concorrência para definir a empresa", afirmou o gerente de engenharia, Wilson Lozano.

O cais linear será de 1.100 metros e haverá, ainda, dois píeres de atracação para navios que levam granéis líquidos. A área total do empreendimento é de 803 mil metros quadrados. A primeira fase de operação começará em 2013.

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