Planalto esvazia Dnit após crise nos Transportes
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) transformou-se em uma nau à deriva. O esvaziamento da autarquia é total, ainda que não faça parte das ações e reformas planejadas pelo governo, mas de reação às acusações que há três semanas rondam o órgão vinculado ao Ministério dos Transportes.Dos sete integrantes de sua diretoria colegiada, resistem três. Não há, neste momento, um diretor-geral que represente, ainda que interinamente, a autarquia que responde pela gestão e fiscalização de todas as estradas federais do país.
Pivô dos escândalos de corrupção que envolvem o Ministério dos Transportes, o Dnit perdeu seu diretor geral, Luiz Antônio Pagot, e seu diretor interino, José Henrique Sadok de Sá, que até então respondia diretoria executiva do órgão. Semanas antes da divulgação dos escândalos, já tinham sido exonerados dos postos o diretor de administração e finanças, Heraldo Cosentino; e o de infraestrutura aquaviária, Herbert Drummond.
Os únicos que permanecem na ativa são Jony Marcos Lopes (planejamento e pesquisa), Geraldo Lourenço de Souza Neto (infraestrutura ferroviária) e Hideraldo Luiz Caron (infraestrutura rodoviária).
Desde o fim de semana, no entanto, Caron, que é indicado do PT, tem sido apontado como o próximo da lista que deixará o Dnit. Há informações de que sua saída, inclusive, já teria sido acertada com o ministro Paulo Passos.
Procurado pela reportagem, o Ministério dos Transportes disse que ainda não havia informações sobre novos indicados às diretorias do Dnit. A Pasta também não confirmou negociações para a saída de Caron. O Dnit informou que, no momento, quem responde pela autarquia são os três diretores que permanecem nos cargos.
A situação constrangedora deverá continuar por mais tempo, já que o governo precisa submeter os nomes de novos indicados ao Congresso, em recesso até 2 de agosto.
Além de mexer na diretoria colegiada, Passos sinalizou que passará um pente-fino nas superintendências estaduais do Dnit, que estariam loteadas por indicados do PR.
A oposição questiona a indicação de Passos para assumir o ministério, alegando que o ministro estava no comando dos Transportes no ano passado, período que concentrou aditivos de contrato concedidos às empreiteiras. "Não dá para considerar que não sabia de tudo isso que está acontecendo lá", afirmou o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).