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Pagot pede demissão 19 dias após ‘queda’ de Alfredo Nascimento

Dezenove dias após o senador Alfredo Nascimento (PR) se afastar da chefia do Ministério dos Transportes, Luiz Antônio Pagot pediu exoneração do cargo de diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), ontem. Em meio à onda de escândalos e demissões, as assessorias dos órgãos não dão garantias sobre a permanência de Afonso Lins e Sabá Reis - filiados do PR e líderes da pasta no Estado.

No último dia 18, a presidente Dilma Rousseff, por meio da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, já havia anunciado que, apesar das defesas, Pagot não retornaria ao cargo. O ex-diretor se antecipou e, ontem, oficializou a exoneração em carta entregue ao atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e à Presidência da República.

Pagot aproveitou a ida à sede do órgão para se despedir dos funcionários. Ele foi aplaudido por cerca de 400 pessoas.

Desde o início do mês, o Ministério dos Transportes e o Dnit estão sob denúncias de corrupção, superfaturamento de obras, tráfico de influência e cobrança de propina.

Segundo a Agência Estado, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) era um dos que defendiam a permanência de Pagot no cargo. Temer receia que a saída do então diretor desestabilize ainda mais a relação da Presidência com o PR, o que pode afetar a votação de matérias de interesse do governo que tramitam pelo Congresso. O PR é dono de 40 votos na Câmara e outros seis no Senado.

Pagot e o Amazonas

O ex-diretor-geral do Dnit assumiu o cargo em 2006 - dois anos após Alfredo. Durante esse tempo, as ações do órgão no Amazonas se concentraram na construção de portos e na recuperação da BR-174 e BR-319.

Em maio de 2009, Pagot acompanhou o então ministro Alfredo Nascimento a Manaus para a assinatura de convênios com o então governador Eduardo Braga para a construção de terminais hidroviários em 11 municípios. Na ocasião, Pagot disse aos prefeitos convidados ao evento que poderiam cobrar dele a celeridade das obras.

Nos dois anos seguintes, as obras avançaram pouco, cinco portos afundaram e Alfredo anunciou o cancelamento dos convênios com o Estado.

Os portos de Manacapuru, Humaitá, Manaquiri, Itacoatiara e Parintins apresentaram falhas de operação, deslocamento, desabamento e rompimento de cabos de sustentação. Os gastos com os cinco portos somam R$ 44 milhões.

Em Tefé, a construção do terminal rendeu uma ação contra Pagot no Tribunal de Contas da União (TCU). Na época, a União exigia que Dnit, Prefeitura de Tefé e o Estaleiro Rio Amazonas comprovassem a execução dos serviços e das obras de engenharia para a construção do terminal hidroviário avaliado em R$ 4,3 milhões.

Apesar de ser classificado como inidôneo pelo próprio Dnit, o Estaleiro do Rio Amazonas recebeu R$ 33,6 milhões dos R$ 44 milhões destinados aos cinco portos no Amazonas. De acordo com reportagem de O Globo, as obras do Estaleiro do Rio Amazonas estavam sob a supervisão da empresa Codomar.

Um relatório dab Controladoria Geral da União (CGU) publicado em 2010 indicou que a Codomar é um órgão sucateado e sem condições de fiscalização. Segundo a Controladoria, a falta de capacidade técnica da Codomar era um dos maiores riscos nas obras de portos fluviais no País.

Amazonas aguarda

As assessorias do Ministério dos Transportes e do Dnit informaram que não há qualquer indicação sobre o futuro de Afonso Lins na chefia do Dnit/AM-RR. O ex-deputado Sabá Reis também continua na Superintendência das Hidrovias e Portos da Amazônia (Ahimoc).

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