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Operadoras já se mobilizam para utilizar novo projeto

A quinta maior operadora de navios do mundo (com dados de movimentação do mês passado), a Cosco Container Line já lançou, em novembro último, perspectivas sua estratégia pós-2014: irá utilizar o novo Canal do Panamá para atingir os portos de Nova Iorque, Nova Jersey, Virginia, entre outros portos norte-americanos, com linhas regulares. As grandes empresas já estão se movimentando com olhos no megaprojeto, e as autoridades portuárias brasileiras não querem - e não podem - perder este bonde.

"A expansão do Canal de Panamá é um dos maiores projetos de engenharia em desenvolvimento hoje no mundo. E certamente terá grande impacto no fluxo de transporte marítimo em todo o planeta", analisa, em nota, o Centro Nacional de Navegação (Centronave), entidade que representa as principais empresas de navegação de longo curso que operam no Brasil.

"Os navios "cape size" (acima de 80 mil toneladas) que trafegam para a Costa Leste da América do Sul via Cabo da Boa Esperança (na África do Sul) poderão chegar ao continente sul-americano pelo Norte graças às obras de ampliação do canal.

Incremento

Com isso, haverá um incremento do movimento nos portos brasileiros", destaca a instituição, que vê nos portos do Norte e Nordeste as maiores possibilidades de fechamento de novos negócios, por se localizarem mais próximos do canal.

"O comércio exterior viverá um novo cenário com o incremento do tráfego Leste-Oeste-Leste via Canal do Panamá. O cenário reforça a importância de o Brasil investir em novos terminais portuários, bem como na modernização dos já existentes", completa.

O limite atual do canal para o segmento de contêineres é de navios de 4,6 mil Teus (unidade padrão de 20 pés). Com as reformas, a capacidade permitida ficará entre 10 mil Teus e 13,6 mil Teus, o que, aponta a Centronave, "gerará economia de escala e redução do tempo de trânsito graças à entrada em serviço de navios mais modernos, mas também porque o fluxo sofrerá significativo aumento".

Menos tempo

O canal diminuirá, para estas linhas, o tempo de trânsito entre Costa Leste do Atlântico e a Ásia. E é uma rota alternativa e economicamente mais viável, permitindo aos navios passarem longe da área de pirataria da Somália, por onde passam outras rotas, como é o caso do Canal de Suez, no mar Mediterrâneo.

A rota mais viável, atualmente, é passando pelo Cabo da Boa Esperança, na África, mas este ainda gera custos extras a depender das condições climáticas, por exemplo.

Diante disso, especialistas afirmam que o Brasil poderá utilizar o Panamá também como plataforma de distribuição de seus produtos para o Pacífico. (SS)

Tamanho

80 mil toneladas ou mais, é a capacidade das embarcações chamadas "cape size", que poderão atravessar o canal após a sua ampliação

Autoridades portuárias também se articulam

Diante do que representa a ampliação do Canal do Panamá para o setor, no fim de janeiro deste ano, representantes de 42 portos internacionais se reuniram na Flórida para discutir as perspectivas com a abertura do canal, e o presidente da Companhia Docas do Ceará (CDC), Paulo André Holanda, responsável pelo Porto do Mucuripe, fez uma apresentação falando sobre as vantagens dos portos cearenses frente esta nova realidade.

Ainda que o tema não venha sendo tratado de forma mais ampla, as autoridades portuárias brasileiras já se movimentam de maneira a garantir que o País possa se beneficiar com este grande projeto.

"Nós concluímos no fim do mês passado o Plano Nacional de Logística Portuária, que é o diagnóstico e o levantamento de tudo com relação aos portos, a área de influência de cada porto nacional, que tipo de carga aquele porto deve movimentar", explica o ministro da Secretaria Especial dos Portos (SEP), Leônidas Cristino. Segundo ele, tal estudo vai balizar as ações voltadas ao aproveitamento do incremento no fluxo de cargas pelo Panamá.

"O que acontece hoje: tem um porto que imagina, quando se faz o planejamento, que a carga do fulano de tá indo pra lá; o outro, próximo, faz o levantamento e é a mesma carga. Então, fizemos um levantamento, cruzamos e começamos a distribuir essas cargas no País inteiro. Uma boa parte dessas cargas estamos direcionando para o eixo Norte justamente por se aproximar mais do Canal do Panamá", adianta o ministro, que é cearense. Segundo ele, os portos do Pecém, aqui no Ceará, e de Suape, em Pernambuco, já estão com uma visão estratégica para a abertura do canal. A Cearáportos, administradora do Porto do Pecém, já realizou um estudo prevendo diferentes cenários com a abertura do canal, e que ações precisam ser tomadas diante de cada um deles. É uma corrida contra o tempo. As vantagens geográficas já estão garantidas, mas ganharão aqueles que tiverem melhores condições de infraestrutura. (SS)

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