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GM define novo rumo no Brasil

O fim da produção da minivan Zafira, hoje, afeta diretamente os trabalhadores da fábrica da GM em São José dos Campos (SP), já que o modelo substituto será produzido em outra fábrica, em São Caetano do Sul (SP). Mas, indica, ao mesmo tempo, um novo ciclo para a montadora americana num dos mercados mais importantes do mundo. Os problemas em São José dos Campos se agravaram assim que a companhia conseguiu restabelecer a situação financeira mundial. Enquanto durou a crise na matriz, nos Estados Unidos, a fábrica serviu para atender a um mercado onde a empresa despejava produtos já ultrapassados.

Há um claro esvaziamento da atividade industrial que a GM mantém no Vale do Paraíba há 53 anos e a abertura de dois programas de demissões voluntárias, desde o início de junho, provocou uma onda de protestos sob o comando do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.

Por conta da crise na matriz, nos Estados Unidos, a GM do Brasil atrasou a renovação da linha de produtos. O faz agora, com uma série de novos modelos na programação de lançamentos.

Mas nenhum dos futuros carros da companhia será feito em São José dos Campos. Já as outras duas grande fábricas da empresa no Brasil, em São Caetano do Sul e Gravataí (RS) são contempladas com vultosos investimentos. Em São Caetano, onde já é produzido o Cobalt, que substituiu o Corsa sedã, chegou agora o Spin, que, de uma só vez aposenta a Zafira e a minivan Meriva, também fabricada em São José. Em Gravataí (RS) está em curso uma grande reforma de ampliação industrial e dali sairão os carros de uma nova família de compactos.

Segundo o diretor de assuntos institucionais da GM, Luiz Moan, dos R$ 5,5 bilhões investidos pela companhia no Brasil nos cinco últimos anos, apenas R$ 800 milhões foram aplicados em São José dos Campos, para a produção da nova picape S-10, que foi lançada no início do ano. Acertado em 2008, o investimento na nova S-10 foi a última vez em que a GM e o sindicato local se entenderam.

O plano de diminuir a atividade no Vale do Paraíba e reforçar as demais é resultado de impasse nas negociações de salários e jornada. As montadoras, em geral, têm conseguido negociar com os sindicatos de trabalhadores o sistema de bancos de horas, por meio do qual os operários trabalham mais quando a demanda de mercado exige, mas reduzem o ritmo e "guardam" as horas não trabalhadas quando as vendas diminuem. Mas a entidade que representa a base de São José se recusa a aceitar tal sistema.

Além disso, a empresa está na fase final de construção de uma fábrica de motores em Joinville (SC). Segundo Moan, a escolha pela cidade catarinense ocorreu justamente por conta da falta de acordo com os representantes dos trabalhadores de São José dos Campos. Caso contrário, diz o executivo, a linha que já produz motores em São José teria recebido os recursos para ser ampliada.

A operação no Vale do Paraíba definha à medida que seus produtos começaram a ser extintos. A Zafira é apenas a primeira. Em seguida, sairão do mercado Meriva e Classic, um derivado do Corsa. Assim que a fábrica de motores em Joinville, que sofreu diversos atrasos por conta, sobretudo, de licença ambiental, começar a funcionar, as linhas da terceira maior montadora de carros do Brasil também deixarão de depender da operação já esvaziada. A montadora também prepara-se para definir investimento numa linha de transmissões, que, em parte, são hoje importadas da Europa. E Santa Catarina é o Estado mais cotado para receber a nova leva de recursos.

"A unidade de São José não vai ser fechada porque trata-se de um complexo industrial, com mais de 7 mil empregados, onde, além de carros são produzidos veículos CKD (desmontados), motores e transmissões", destaca Moan, que pretende retomar as discussões com os dirigentes sindicais.

Filiado à Conlutas, central sindical ligada ao PSTU, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos mantém os mesmos dirigentes no poder desde o início da década de 80. Trata-se de um grupo dissidente da Central Única dos Trabalhadores. Na última renovação da direção, em março, o mesmo grupo foi reeleito, mas perdeu na base da fábrica da GM.

Por enquanto, a montadora tem resolvido seus problemas no Vale do Paraíba de forma pontual. A retração no mercado fez o estoque das últimas Zafiras subir, o que a levou a recorrer ao programa de demissões voluntárias, que recebeu 356. Ao mesmo tempo, o sucesso de vendas da nova S-10 ajudou na transferência de parte dos operários ociosos para a criação do terceiro turno da S-10. Como as montadoras, a GM está ainda amarrada ao recente acordo com o governo federal, que reduziu IPI em troca da promessa de não haver demissões .

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