Obra de marina prevê vagas para mais de 800 barcos em Itajaí
Os veleiros e embarcações de pesca que colorem o Saco da Fazenda, em Itajaí, terão em breve a companhia de mais de 800 lanchas e iates de passeio. É esta a previsão de vagas no Complexo Náutico e Ambiental, que vai ocupar a área à beira do Itajaí-Açu ao lado do Centreventos.
O edital de licitação para a construção da marina foi assinado nesta quarta-feira pela superintendência do Porto de Itajaí, que detém a posse da área. Se todos os prazos forem cumpridos, a obra será entregue em 2014, e servirá de apoio caso a cidade receba uma nova edição da Volvo Ocean Race.
O investimento previsto em edital é de no mínimo R$ 26 milhões - quase metade do que havia sido anunciado pelo porto quando foi aberta a consulta de manifestação de interesse, no início do ano. A mudança ocorreu porque a manutenção do canal da marina, que na ideia inicial ficaria a cargo da empresa arrendatária, acabou como responsabilidade do porto.
Pelo menos quatro empresas se mostraram interessadas em assumir as obras e a operação do Complexo Náutico e Ambiental antes mesmo do lançamento do edital, segundo o superintendente do Complexo Portuário do Itajaí-Açu, Antônio Ayres dos Santos Junior. Além de pretendentes da região, também houve procura por empresários paulistas e cariocas.
As propostas apresentadas serão abertas no dia 18 de dezembro, quando será conhecida a vencedora. O edital prevê 60 dias para propor um projeto executivo e 18 meses de obra. O prazo de arrendamento é de 25 anos, prorrogáveis por mais 25 - prazo em que a empresa poderá explorar o aluguel das vagas para embarcações de lazer.
Em contrapartida, a arrendatária pagará uma taxa mínima de R$ 26,8 mil por mês ao Porto de Itajaí, mais R$ 9,15 por barco. A expectativa é que sejam gerados dois a três empregos por embarcação, ultrapassando a marca de 1,6 mil trabalhadores diretos.
Área pública
- A construção da marina vai ser um marco para o desenvolvimento de Itajaí, tanto em relação ao turismo quanto ao polo naval da cidade - diz Eclésio Silva, vice-presidente da Associação Empresarial de Itajaí (ACII).
Além das vagas para embarcações, a marina do Saco da Fazenda deve contar ainda com área de lazer, centro comercial, prédio administrativo e um edifício que servirá de sede para o Núcleo Especial da Polícia Marítima da Polícia Federal (Nepom) - construído pelo porto.
A ocupação da área do Saco da Fazenda deve se restringir a 21%. O restante do espaço seguirá com acesso aberto ao público, segundo informação do Porto de Itajaí.
Parte do espaço ficará reservada para a Associação Náutica de Itajaí (ANI) e a pesca artesanal, que já fazem uso do Saco da Fazenda.
- A ideia é que possamos conviver em harmonia, e que a marina seja uma possiblidade inclusive de mercado de trabalho para nossos alunos - diz o presidente da ANI, Cláudio Copello.
- Não que a construção da marina vá afetar as populações, mas é possível que elas busquem outras áreas - diz.
Oceanógrafo e mestre em Geografia, Roberto Wahrlich comenta que, no caso dos peixes - que também fazem uso do Saco da Fazenda como criadouro, a manutenção das espécies dependerá do cumprimento do que está previsto nos estudos de impacto ambiental.
- O processo de construção e operação tem que ser acompanhado. Os problemas podem ser minimizados com procedimentos de segurança - avalia.
Faz parte da implantação do complexo a definição de um plano de manejo para a Área de Proteção Ambiental (APA) do Saco da Fazenda, que existe desde 2008. A instituição do plano, que está em fase de estudos, deve auxiliar na preservação do local.
Em Itajaí, as fábricas produzem embarcações de passeio que variam de R$ 42 mil a R$ 2,5 milhões e o mercado não para de crescer. O número de lanchas e iates registrados junto à Delegacia da Capitania dos Portos de Itajaí aumentou 15% em relação ao ano passado - o mesmo volume de crescimento registrado no Estado.
Para Ewerton Wegner, mestre em Turismo e Hotelaria e professor da Univali, a demanda existe e é grande.
- A marina é um passo muito grande para o desenvolvimento náutico em Itajaí. Mas é preciso que siga um processo rigoroso de licenciamento ambiental. Existem marinas com esse porte pelo mundo que atendem a todas as exigências.
O Comitê Central Organizador da etapa estima que o retorno, em divulgação espontânea na mídia, tenha sido de R$ 82 milhões. Do investimento feito pelo Governo do Estado, que ficou responsável pelo pagamento das taxas do evento, através do Funturismo e do Fundesporte, R$ 123 mil serão devolvidos pelo comitê organizador nos próximos dias.
Durante a prestação de contas - que teve um desabafo do presidente do comitê, Amílcar Gazaniga, reclamando da falta de apoio de parte do empresariado local para a realização da etapa - o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Paulo Bornhausen (PSD), anunciou que recebeu carta branca do governador Raimundo Colombo (PSD) para negociar a realização de duas novas etapas da Volvo Ocean Race em Itajaí.
A definição das próximas paradas da Regata Volta ao Mundo ocorre em dezembro. Entre as cidades que concorrem com Itajaí estão Salvador, Buenos Aires, Montevidéu, Bogotá e Caracas.
Durante a Itajaí Stopover, 15 mil passagens aéreas para o evento foram vendidas pelas empresas de aviação. A etapa destacou-se no quesito sustentabilidade, que rendeu a Itajaí um prêmio de reconhecimento. O projeto Itajaí Stopover Sustentável foi inscrito pela Volvo no prêmio International Sport Event Management (gerenciamento de evento esportivo internacional), que terá os vencedores anunciados no dia 7 de novembro, em Londres.