Fiesp alega que portos são ineficientes porque há décadas são operados pelos mesmos
Os empresários coordenados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) estão jogando pesado a favor da aprovação da Medida Provisória (MP) 595/2012 sem mudanças.
Eles começaram uma campanha publicitária em alguns jornais brasileiros, com o mote "Quem é contra a MP dos Portos é contra os interesses do Brasil".
Lembrando que quem comanda a entidade paulista é o peemedebista Paulo Skaf.
É interessante destacar que a MP 595 revoga a Lei 8.630/93 (de Modernização dos Portos) defendida com unhas e dentes pela mesma indústria paulista há vinte anos.
Agora para a Fiesp, os portos brasileiros são ineficientes e operados pelas mesmas concessionárias "há décadas".
A entidade acha que a aprovação da MP apresentada pela presidente Dilma Rousseff, com a centralização das decisões no Governo Federal, irá promover a nova modernização da operação portuária, estimulando a concorrência e movimentando cargas com menor preço.
Um detalhe: a MP mexe apenas no custo portuário, que representa cerca de 8% do custo total da movimentação da carga para a indústria paulista, e não reduzir os 45% correspondentes ao frete marítimo e 30% do transporte terrestre e 17% da burocracia, conforme o gráfico abaixo
Dados: Verax Consultoria
Decomposição dos custos na exportação de um contêiner
de 20' percorrendo uma distância terrestre no Brasil de 300 km
A entidade empresarial apresenta até o montante de investimento que se fará no setor com a aprovação da MP dos Portos: R$ 54 bilhões.
Sem dar “nome aos bois”, como diz o ditado popular, a Federação afirma categoricamente que “tem gente jogando contra” a expansão do setor portuário nacional.
Por exemplo, desse valor quanto será investido nos portos do estado de São Paulo, favorecendo a indústria paulista?
A característica da Lei 8.630, na época defendida pela Fiesp, era a descentralização das decisões portuárias e, estranhamente, com os mesmos objetivos da MP 595 marcada pela centralização.
Difícil acreditar que se consiga "garantir desenvolvimento e empregos no Brasil" sem a regionalização dos portos.
Afinal, quais são os interesses do Brasil?