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O vexame do porto

A economia de Itajaí está perdendo mais de R$ 40 milhões por mês por causa da interminável novela das obras de dragagem e de reconstrução do porto. Os navios que deviam operar com 800 contêineres estão transportando apenas 600 unidades. A Secretaria Especial de Portos contratou, em Brasília, uma draga chinesa que deixou o serviço pela metade, mesmo recebendo o integral do contrato. O calado, que deveria ser de 11 metros para reativar os serviços portuários, ficou em apenas nove metros.

O setor privado contratou outra draga para remover um banco de areia na entrada da barra. Também não deu conta do serviço. Vem agora o Tribunal de Contas da União (TCU) e veta o reajuste para reconstrução de dois berços destruídos pelas enchentes. É necessária uma nova licitação. Mais dois, três, quantos meses de atraso?

Não há justificativa para tanta enrolação. Ou é mais uma prova da ineficácia e da centralização de Brasília, ou há uma surda disputa político-partidária entre os petistas que controlam os órgãos federais e os progressistas da administração municipal, ou há interesses inconfessáveis a entravar a execução de projetos tão essenciais à economia catarinense e brasileira.

É por estas e outras que a tese da privatização vai ganhando corpo em áreas crescentes da população. Setores vitais para a economia não têm como conviver com partidarismo e com regras ditas moralizadoras que entravam tudo, sobretudo, em atividades que exigem agilidade como esta do Porto de Itajaí.

Lentidão

O Secretário Especial de Portos, Pedro Brito, convocou autoridades e empresários catarinenses a Brasília para tratar desse novo e irritante impasse do porto. Alegou veto do TCU ao reajuste indispensável do contrato, pelas novas necessidades técnicas da obra de reconstrução. Ontem estava no Litoral Norte do Estado visitando as obras do porto privado de Itapoá. E tem programada para hoje visita aos projetos do megainvestidor Eike Batista.

Em Itapoá, fez pronunciamentos fortes sobre o empenho do governo do presidente Lula na melhoria do sistema portuário brasileiro, ressaltando que ele é fundamental para dinamizar o comércio exterior. Tem inteira razão. A questão é que o governo federal não resolve sequer as questões mais graves e urgentes ligadas ao setor portuário público, como a de Itajaí.

Tem mistério ou maracutaia entre Brasília e Itajaí. O presidente Lula veio a Santa Catarina e admitiu em discurso que havia sido enganado. Veio para assinar a Lei do Ministério da Pesca e entregar o porto operando. Só na hora soube que nem a dragagem estava concluída e nem o porto reconstruído. Como a Secretaria Especial de Portos é vinculada diretamente ao gabinete do presidente, das duas uma: ou estavam enganando o homem, ou ele nos enganou.

A dramática situação do Porto de Itajaí foi tratada pela senadora Ideli Salvatti com o presidente, ontem, em São Paulo. Volta a ser debatida, hoje, na reunião do conselho e da diretoria da Fiesc, e será retomada amanhã, em Itajaí, durante reunião de lideranças com Ideli Salvatti.

O porto responde por 70% da economia de Itajaí. A inadimplência no comércio, que era de 3% a 4% disparou para 17% e há lojistas com 40% de atraso nos pagamentos. Estivadores dependem de cestas básicas para sobreviver com as famílias. Todos os serviços que dependem do porto estão prejudicados. E Lula, preocupado em fazer a defesa de Sarney.

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