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Inconformados com preços, acionistas querem tirar Gerdau do conselho da Petrobras

Preocupados com o não repasse dos custos dos combustíveis aos consumidores e com a governança da Petrobras, acionistas estrangeiros decidiram unir-se para tirar o empresário Jorge Gerdau da cadeira de representante dos donos de ações preferenciais no conselho de administração da estatal.

A proposta dos estrangeiros, divulgada há pouco, que não menciona o empresário brasileiro, é colocar, no lugar, o economista paulista José Monforte, 66.

A sugestão diverge de outro relevante minoritário, o Bradesco Asset Management, que vai insistir na aposta com o empresário do setor siderúrgico.

Gerdau ocupa a cadeira de representante dos preferencialistas há 13 anos.

No entanto, é visto por mercado como mais alinhado ao governo, por ser um dos conselheiros mais ouvidos pela presidente Dilma Rousseff, além de antigo integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

O novo nome dos preferencialistas será posto na mesa na assembleia geral ordinária marcada para 2 de abril, em que a empresa elegerá os novos conselheiros de administração e fiscais.

APOIO DE ESTRANGEIROS

Monforte tem o apoio da gestora de recursos escocesa Aberdeen Asset Management, o fundo de pensão americano California State Teacher's Retirement System, as gestoras inglesas F&C Management e Hermes Equity Ownership Services, além do fundo de pensão inglês The Universities Superannuation Scheme.

Ele já ocupou inúmeros cargos executivos e de conselheiro em inúmeras empresas e instituições, como Merryll Lynch Brasil, Citigroup Brasil, Natura, Promon, Telemig Celular e JHSF, entre outras.

Os minoritários estrangeiros afirmam que, embora a empresa tenha nomeado, no ano passado, um conselheiro independente, o economista Mauro Cunha, "a governança continua sendo um tema crítico na empresa", segundo nota divulgada pelo Aberdeen.

Ainda de acordo com o fundo, "a política de reajuste dos preços da gasolina e do diesel tem sido prejudicial para acionistas da empresa nos últimos anos e ainda requer transparência".

Para os investidores, "a prática continua sendo prejudicial para os minoritários".

Os estrangeiros acreditam que a próxima assembleia será uma oportunidade para aprimorar a governança da empresa.

Se eleito, Monforte deverá trabalhar junto de Mauro Cunha, outro conselheiro independente, representante dos mesmos fundos para as ações ordinárias.

Mauro continua tendo o apoio como representante dos donos de ações ordinárias, tanto dos fundos como do Bradesco Asset Management.

DIVERGÊNCIA

Na última segunda-feira (17), a Petrobras havia revelado que Cunha foi o único conselheiro, entre sete conselheiros do governo, os dois independentes e o representante dos trabalhadores, a divergir das demonstrações financeiras da companhia.

Mauro discorda da chamada "contabilidade de hedge", que atenuou o impacto na variação cambial nos resultados da empresa.

Sem o instrumento, adotado em maio de 2013, a empresa teria impacto de R$ 8 bilhões no lucro, que fechou em R$ 23,6 bilhões, alta de 11% em relação aos R$ 21 bilhões de 2012.

Ele também demonstrou insatisfação com a forma como foram contabilizados investimentos em refinarias e também na demora da empresa em apresentar seus números para apreciação do conselho.

Procurada, a Petrobras informou que não vai comentar.

A Folha tentou contatar o empresário Jorge Gerdau por meio da siderúrgica Gerdau, da qual é acionista e presidente do conselho de administração, mas, até o momento, não conseguiu.

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