Argentina surpreende e libera importações
A Argentina promoveu "liberação maciça" de licenças de importação para calçados e móveis brasileiros nos últimos dias. A movimentação surpreendeu a indústria nacional, que havia feito uma reclamação formal ao governo na terça-feira. Satisfeito com a notícia, o Brasil aceitou as explicações do vizinho e avalia que o conflito pode estar perto do fim.Segundo o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, a possibilidade de retaliar a Argentina com licenças de importação ou de abrir um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) ficou "mais distante" depois do encontro de ontem.
Dados apresentados pela Argentina na terça-feira mostram que a expedição das licenças foi acelerada em julho, com a liberação de 1,1 milhão de pares de calçados e de 173 mil unidades de móveis.
Ao ser indagado se seu país respeitava o compromisso com o Brasil, o subsecretário do Ministério da Produção da Argentina, Eduardo Bianchi, passou a palavra a Ramalho. "Vou deixar a pergunta para meu colega brasileiro para ver se o convenci", disse. Ramalho afirmou então que "ficou provado que o acordo está sendo cumprido".
A Argentina instituiu licenças de importação para uma série de produtos em razão da crise global. Segundo empresários brasileiros, o vizinho demora de 90 a 120 dias para liberar a documentação, prazo superior aos 60 dias permitidos pela OMC. Com o atraso, negócios foram perdidos e produtos ficaram fora de moda.
A situação também provocou uma reclamação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sua colega Cristina Kirchner, na semana passada. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) chegou a pedir ao Brasil para abrir um painel na OMC.
"Desta vez, veio uma proposta com início, meio e fim", disse Fernando Pimentel, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), referindo-se à reunião de ontem entre os setores de cama, mesa e banho e vestuário. No caso do denim, tecido usado no jeans, os argentinos ainda se recusam a negociar.