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Petrobras monta força-tarefa para incluir propinas no balanço

Com pouco tempo para fechar as contas e publicar o balanço de 2014 auditado, a nova diretoria da Petrobras decidiu calcular só o prejuízo com propinas pagas a ex-funcionários e políticos e deixar de fora o sobrepreço causado pelo suposto cartel.

Sob o comando de Ademir Bendine, a estatal montou uma força-tarefa para analisar todos os depoimentos dos delatores da Operação Lava Jato e cruzar com informações internas para chegar à propina a ser contabilizada.

A avaliação dos diretores é que a empresa não tem meios para calcular o sobrepreço nas obras antes da conclusão das investigações do Ministério Público sobre o conluio.

O cálculo do custo da corrupção é importante para convencer a auditoria independente PwC a aprovar o balanço.

Desde novembro, a auditoria tem feito ressalvas à contabilidade da estatal.

O balanço do terceiro trimestre e o do resultado anual têm que ser publicados no máximo até 31 de maio.

Caso contrário, os credores poderão pedir a antecipação do pagamento das dívidas.

Segundo a agência de classificação de risco Moody's, a empresa pode ser obrigada a pagar de uma vez US$ 110 bilhões, ou um terço de tudo o que deve na praça.

Diante do prazo apertado, o diretor financeiro da empresa, Ivan Monteiro, foi escalado para entrar em contato com os principais credores e tranquilizá-los.

A Folha apurou que, apesar de não se comprometer com uma data de divulgação do balanço, o executivo tem dito que haverá tempo hábil para apresentá-lo.

PROPINA

A Petrobras cogitou usar como custo da propina o porcentual de 3% citado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa sobre todos os contratos suspeitos.

Mas ele próprio disse depois que as empresas pagaram mais em alguns casos, por exemplo a Renan Calheiros --ele nega as acusações.

Além de atender às ressalvas da PwC, o cálculo serve para estabelecer um parâmetro de quanto as empreiteiras devem devolver aos cofres públicos, caso firmem um acordo com a CGU (Controladoria-Geral da União).

As empresas, via acordo de leniência, tentam escapar da declaração de inidoneidade, que as impediria de assumir novos contratos públicos.

Segundo a Folha apurou, o balanço da Petrobras vai mostrar, além do pagamento de propina, quanto os principais ativos da companhia, como a refinaria Abreu e Lima e o Comperj, valem hoje.

A perda, no entanto, deve ser menor que os US$ 88,6 bilhões estimados pela gestão anterior de Graça Foster.

Serão alterados parâmetros técnicos para chegar a um valor inferior. 

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