Acessos aos portos e crescimento dos navios em debate na FIESC
As dificuldades de acesso aos portos catarinenses e a adequação de suas instalações para navios cada vez maiores foram debatidas em reunião da Câmara de Transportes e Logística da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC). O encontro, realizado na última quarta-feira (27), contou com a participação de representantes dos principais portos e empresas operadoras.
De acordo com Glauco José Côrte, presidente da Federação, este debate contribui para subsidiar as ações da FIESC junto aos agentes envolvidos na questão dos portos nos governos estadual e federal. “Temos hoje um dos complexos portuários mais modernos do País, mas nós não podemos nos sentir confortáveis”, afirmou Côrte, ao lembrar que, em momento de crise econômica, a competição comercial fica ainda mais acirrada.
Um dos pontos de debate foi a infraestrutura terrestre. “A questão do acesso aos portos constitui um gargalo”, afirmou Côrte. Ele defendeu a implementação da Ferrovia Litorânea, entre Imbituba e São Francisco do Sul. “Alguns não compreendem a importância desta questão, acham que estamos interligando um porto ao outro. O que nós queremos é interligar os portos à malha ferroviária nacional”, defendeu.
“Santa Catarina tem alguns rios que poderiam ser aproveitados para o transporte de cargas”, lembrou o presidente da Câmara e primeiro vice-presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar. Ele destacou a necessidade de resolver a questão das pontes da BR-101 sobre o Rio Itajaí. Construídas em épocas diferentes, as estruturas têm pilastras com espaçamento não alinhado, o que dificulta a passagem de navios maiores.
César Centroni, gerente Operacional da MSC, destacou a tendência de crescimento no tamanho dos navios em operação e afirmou que é preciso garantir a profundidade de acessos, áreas de manobra e terminais dos portos, para que estes não percam competitividade. “Dois metros a mais de calado [profundidade] representam vinte mil toneladas a mais de carga, isso pode fazer grande diferença”, exemplificou Centroni.
A morosidade nos processos de ampliação e adequação das estruturas portuárias foi destacada pelo presidente do conselho de administração do Porto de Itajaí, Marcelo Salles. Ele citou questões como as licitações públicas e as licenças ambientais. “A velocidade é diferente da dos armadores”, afirmou, ao defender a mobilização dos portos para atender as demandas futuras do setor.
“Já temos uma boa estrutura portuária em Santa Catarina. O que precisamos agora não é de novos portos. Precisamos é de qualificação”, afirmou Danilo Ramos, diretor comercial da Santos Brasil.