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Portos catarinenses registram impactos da valorização do dólar

A valorização do dólar provocou efeitos no começo do ano para os portos catarinenses. Dos cinco terminais, quatro encerraram o período com queda na movimentação. A exceção é Itapoá, no Norte do Estado, que celebrou alta de 15%.

No Complexo Portuário de Itajaí, que inclui os terminais de Itajaí e Navegantes, o maior do Estado e segundo maior em movimentação de contêineres do Brasil, outro fator ameaça os resultados: a falta de efetivo para fiscalização de cargas. Com falta de fiscais na Receita Federal, Anvisa e Ministério da Agricultura, o complexo tem experimentado as primeiras perdas decorrentes da demora. Nos últimos meses, 10 importadoras deixaram Itajaí. Nove delas se instalaram na região de Itapoá.

– Tempo é dinheiro e isso nos preocupa – diz o presidente do Sindicado dos Despachantes Aduaneiros do Estado (Sindaesc), Marcelo Petrelli.

A maioria das cargas (87%) tem liberação em até um dia. O impacto maior é para cargas com necessidade de verificação física ou produtos de origem animal e vegeral. Nesses casos, o tempo de espera chega a ser três vezes maior em Itajaí e Navegantes do que em outros terminais no Estado. Embora o movimento de empresas para  experimentar outros terminais seja frequente, a situação acendeu o alerta no trade local.

De acordo com o superintendente do Porto de Itajaí, Antônio Ayres dos Santos Junior, ainda não há reflexo significativo na movimentação de cargas, mas a autoridade portuária está atenta:

– Não podemos perder essa referência de porto eficiente. Foi esse diferencial que nos ajudou a atrair muitas empresas nos últimos anos – afirma.

No balanço divulgado ontem, o Complexo Portuário de Itajaí encerrou os cinco primeiros meses do ano com queda de 9%. Em maio, o porto ficou cinco dias fechado, o que impactou no resultado.

NOVATO NA DISPUTA

Com quatro anos de operação, o Porto Itapoá abriu uma unidade da Vigilância Agropecuária em suas instalações, o que deve tornar mais ágil a análise das cargas no terminal. Até então Itapoá era atendido pela mesma equipe que atuava em São Francisco do Sul, a 120 quilômetros por via terrestre.

Hoje o tempo médio para casos que demandam vistoria é de até três dias. Em relação a cargas com ação da Anvisa e Receita, o tempo médio é de cinco dias.

Falta de fiscais afeta Itajaí

O Complexo Portuário de Itajaí conta com apenas dois fiscais do Ministério da Agricultura que atendem três dias na semana. A Anvisa fiscaliza cargas como medicamentos e alimentos, e a Receita atua especialmente nas importações, que representam um dos principais gargalos do Complexo Portuário.

A Receita não divulga o número de fiscais que atuam hoje nos terminais de Itajaí e Navegantes. Mas confirma que o volume de declarações de importação (DIs) quadruplicou nos últimos nove anos – de 32 mil, em 2006, para 141 mil no ano passado. Mesmo com quatro vezes mais trabalho, o número de fiscais ficou o mesmo.

O Ministério da Agricultura deve resolver o impasse da falta de fiscais com a remoção do quadro interno, que já está aberta. A reportagem entrou em contato com a 9ª Regional da Receita Federal e com a Anvisa, em Brasília, mas nenhum dos órgãos se se manifestou.

Migração de outros terminais

Apesar da queda de 14,9% nos primeiros cinco meses, o Porto de Imbituba percebe a migração de cargas de outros terminais. A supersafra, os incentivos fiscais e principalmente a agilidade na liberação de cargas ajudam a explicar o movimento, afirma Rogério Pupo, presidente do Porto de Imbituba:

– Há uma migração de cargas não somente do Porto de Santos, mas também do Porto de Paranaguá e de Rio Grande.

A confirmação de novas cargas para os próximos meses deve fazer com que o porto supere o patamar do ano passado em 10%.

– Esse resultado se explica pelo fato de que grande parte da movimentação de cargas era destinada ao mercado interno e o Brasil está  em retração, essa incerteza dos desdobramentos da economia refletiu no transporte de carga – diz Pupo.

No Porto de São Francisco, apesar queda de 14%, o presidente Paulo César Côrtes Corsi afirma que o terminal tem produtos consolidados, como a soja na exportação e fertilizantes na importação:

– Há variações sazonais, depende muito da safra. O que existe é que parte da carga de importação é de siderúrgicos e a situação cambial não favorece essa importação.

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