Porto de Itajaí é vítima do seu modelo de negócios
A decisão de um grupo de clientes que opera linhas no porto de Itajaí passar a operar nos portos de Navegantes e Itapoá deixou em polvorosa o mercado da região, mas principalmente colocou em evidência as contradições do modelo portuário nacional.
Estima-se que o grupo de armadores que opera linhas para o Golfo Pérsico, Ásia e outras regiões ao decidir levar seus negócios para os portos de Navegantes e Itapoá vai reduzir em 40% a 50% a movimentação em Itajaí.
O porto de Itajaí é público, com administração municipalizada e diversos terminais concedidos à iniciativa privada.
Por ser um porto público os trabalhadores são coordenados pelo Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), com legislação trabalhista alegadamente retrógrada e que encarece o custo das operações.
Por sua vez a administração do porto é frequentemente citada como cabide de empregos.
No lado oposto do rio Itajaí-Açu o porto de Navegantes é privado, trabalha com mão de obra própria, isenta das regras do OGMO e com alegada maior competitividade e menor custo. Por isso os armadores preferiram deixar Itajai e operar lá.
As empresas que arrendam espaço em portos públicos têm custo mais alto do que as privadas com porto próprio.
Como explicou o diretor executivo da OGMO de Itajaí, Luciano Angel Rodriguez, a Lei dos Portos desequilibrou a competição, criou problemas institucionais de concessão portuária. “Não é possível ter duas padarias numa mesma rua e uma pagando impostos e a outra não” exemplificou.
Um dos principais atores nessa novela, a APM Terminals, do grupo Maersk, que arrenda parte do porto de Itajaí, diz que não quer ir embora da cidade, mas pleiteia prorrogar até 2043 seu contrato de arrendamento e autorização de operar mais dois berços de atracação além dos dois que já opera.
A APM Terminals não quer ir embora, mas pode ir se não derem o que ela quer porque analistas do setor consideram que nas condições atuais não tem condições de competir.