Realidade da economia global impacta nas estatísticas do Complexo Portuário do Rio Itajaí-açu.
A Superintendência do Porto de Itajaí divulgou na manhã desta terça-feira [11], durante a reunião do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Itajaí, as estatísticas relativas às operações do Complexo Portuário do Rio Itajaí-açu durante o período compreendido entre os meses de janeiro e julho de 2009. Os números apontam para a estabilização das escalas no Complexo durante os três últimos meses, entretanto, mostram uma preocupante redução em comparação com julho do ano passado, de 16%.“Analisando separadamente as operações dos terminais que compõe o Complexo observa-se um pequeno crescimento na movimentação da Portonave Terminais Portuários Navegantes SA [com 61 escalas] e redução nas atracações no Porto Municipal e Terminal de Contêineres do Vale do Itajaí (Teconvi) [19 escalas]”, informa o diretor comercial do Porto de Itajaí, Robert Grantham. Segundo o executivo, no acumulado do ano observa-se um avanço de 150% nas operações da Portonave e recuo de 63% nas operações do Porto Municipal/Teconvi.
As estatísticas ainda mostram que ocorreu um discreto aumento nas exportações do mês de julho, em comparação a junho. Porém, a queda acumulada no ano é de 33,07%. Nas importações observa-se um crescimento constante nos últimos meses, com retração de 9,9% na comparação com julho de 2008.
A movimentação de contêineres [unidades] no Complexo como um todo apresentou moderado crescimento [nas exportações e importações] com relação a junho deste ano, entretanto, com queda de 14% comparativamente ao mesmo mês do ano passado. Em contrapartida, se analisados apenas os números do Teconvi/Porto Publico, a retração foi de 68% no mês [comparado a julho do ano passado] e de 74% no acumulado dos sete meses de 2009.
Preocupação – O quadro é bastante preocupante no que diz respeito ao movimento do porto de Itajai propriamente dito, com sérios reflexos na economia da cidade como um todo. Robert Grantham explica que até fevereiro de 2008 operavam com o Teconvi/Porto Publico 19 armadores [entre vessel suppliers e slot charterers]. “Ao longo do ano passado, antes da enchente, deixaram de operar em Itajaí os armadores Costa, Hanjin, Hyundai, NYK, Yang Ming, APL e Zim e, após as enchentes, deixaram de operar na cidade as empresas Aliança/Hamburg Sud, CMA CGM, China Shipping, Maruba, Hapag Lloyd e Evergreen”, explica o diretor.
Grantham diz que permanecem fiéis ao Porto de Itajaí os armadores Maersk/Safmarine, CSAV/Libra, K.Line e Maruba [os dois últimos com pequenos volumes] e, dentre os armadores que deixaram o Teconvi/Porto Publico, passaram a operar com a Portonave o Costa [hoje parte do grupo H.Sud], Hyundai, NYK, Zim, APL, Aliança/H.Sud, Evergreen e Hapag Lloyd. Transferiram suas operações para o Porto de São Francisco do Sul em conseqüência da enchente os armadores CMA CGM, China Shipping, Maruba.
Otimismo – Embora a situação esteja preocupante no Porto de Itajaí e as empresas armadoras estejam reduzindo escalas, há indício de que a crise está sendo superada, mesmo que lentamente. A Organização Mundial do Comércio (OMC) calcula que o comércio global terá uma retração de 10% neste ano, a maior em 70 anos e a European Liners Affairs Association (ELAA) aponta que o volume total de contêineres importados na Europa caiu 20,6% nos primeiros cinco primeiros meses de 2009, em relação ao igual período do exercício anterior.
Já o Escritório de Análise Econômico da Holanda (CPB, na sigla original), relata um recuo de 8,4% em 12 meses [até maio de 2009] no volume dos negócios entre países. O estudo holandês deixa claro que o encolhimento do comércio continua de forma acentuada, mas não uniforme. Porém, a realidade dos países asiáticos pode ser vista como um sinalizador positivo.
O estudo da instituição holandesa aponta que “nenhuma região ainda mostrou um impulso positivo, mas a Ásia está perto da estabilização”. Outro fator positivo é que, segundo o CPB, depois de cair 13,4% nos 12 meses até fevereiro, em maio o volume de exportações dos emergentes asiáticos parou de recuar. Para a OMC, a Ásia deve puxar a recuperação do comércio global e a China poderá superar a Alemanha como o maior exportador do mundo.
Em termos globais, a desaceleração do comércio também parece ter freado nos últimos meses. O caso mais evidente foi o do Japão, cuja queda em termos anuais atingiu 2,3% em maio, após mergulhar a dramáticos 29,5% em fevereiro. Nos Estados Unidos também houve melhora significativa: de um declínio de 12,6% em fevereiro, para um de 4,3% em maio.
Na Europa, segundo a ELAA, o declínio reduziu o ritmo em maio, quando as importações caíram 16,5% em relação ao mesmo mês do ano passado e as exportações diminuíram 8,9%. Na América Latina, na comparação anual até maio, os países também melhoraram seu desempenho. De acordo com o CPB, em fevereiro a queda das exportações era de 6,9% e, em maio, foi de 3,2%. Realidade global que aponta para a retomada do comércio exterior e que pode ter impactos positivos em nosso Complexo Portuário.