Canal de acesso aos portos segue sem previsão de reabertura e prejuízo ultrapassa R$ 5 milhões
O canal de acesso ao Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes amanheceu mais uma vez fechado nesta quarta-feira. É o quinto dia consecutivo sem manobras no Itajaí-açu e não há previsão para que as operações sejam restabelecidas. Com o nível do Itajaí-açu ainda subindo em Blumenau (estava acima de 6,8 metros pela manhã), a expectativa é de pelo menos mais alguns dias de correnteza forte e manobras suspensas.
Na manhã desta quarta, além dos seis navios que já aguardavam para entrar nos portos e um para sair, outros três que tinham escala prevista chegaram. A preocupação é que, devido à falta de perspectivas de reabertura, os armadores decidam cancelar a escala e seguir para outros portos _ o que pode potencializar os prejuízos, já que os terminais e a autoridade portuária perderiam em receita de movimentação e taxas.
A perda já é elevada. Com uma média de US$ 40 mil de prejuízo por navio a cada dia parado, e isso apenas para o afretador, nesta quarta o déficit já soma mais de R$ 5 milhões. Há custos ainda de transporte, armazenagem e atraso no cumprimento de contratos, o que torna o dano total incalculável. É o maior impacto à economia catarinense causado pelas cheias _ Itajaí e Navegantes respondem, juntos, por 70% do comércio exterior no Estado.
Presidente da Associação Empresarial de Itajaí (ACII) e do Sindicato das Agências Marítimas e Comissárias de Despacho de Santa Catarina (Sindasc), Eclésio da Silva define a situação como “catastrófica”. Os prejuízos ocorrem em um momento em que o Porto de Itajaí, em especial, sofre com a perda de 50% das linhas e queda vertiginosa na arrecadação.
Em nome das duas entidades de classe, Eclésio pediu à autoridade portuária que estude alternativas para aquisição de um correntômetro, equipamento que informa a velocidade real da corrente _ um pedido antigo da Praticagem, que hoje afere a correnteza com equipamentos de superfície e “no olho”. A expectativa é que o correntômetro possa alterar parâmetros para manobras e permitir operações em condições que, hoje, não são autorizadas.
Solução a longo prazo
Desde a enchente de 2008 discute-se a possibilidade de um canal extravasor que pudesse, em conjunto com as barragens no Vale do Itajaí, segurar a força da correnteza na foz. Uma das ideias, inclusive, era um canal extravasor em Navegantes. A proposta fez parte do conjunto de ações apontadas pela agência japonesa Jica, mas não há prazo para que a avaliação seja concluída e a ideia possa ser colocada em prática. O canal faz parte da terceira etapa do plano de contenção de cheias no Vale e Foz do Itajaí.