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A Política sobre a visão dos Gregos e dos Romanos
O que fizeram os gregos e os romanos? Eles inventaram o poder, ou seja, eles criaram a ideia e um espaço onde o poder existe através das leis, de leis que não se identificavam com a vontade dos governantes.
Elas exprimem uma vontade coletiva. Essa vontade coletiva se exprime em público, nas assembleias e também através da deliberação, da discussão e do voto. Ou seja: os gregos e os romanos submeteram o poder a um conjunto de instituições, a um conjunto de práticas que fizeram dele algo público, algo que concernia à totalidade dos cidadãos, algo que era discutido, deliberado e votado por eles.
Portanto, eles criaram a esfera pública. Ou seja, ninguém se identificava com o poder; a vontade de ninguém era a lei e, portanto, a autoridade é coletiva, pública e é aquilo que constitui o cidadão.
Os gregos puderam (e depois deles os romanos) distinguir com muita clareza a autoridade pública, a autoridade política e a autoridade privada. Não por acaso a autoridade privada tem um nome muito especial em grego.
O chefe de família, que é aquele que detém a autoridade do espaço privado, autoridade de vida e morte sobre todos os membros da família e a detém exclusivamente porque sua vontade é a lei é chamado despotes.
Os gregos diziam que quando a autoridade for despótica o espaço público foi tomado pelo privado e que a política acabou. A condição da política é que não aja despotismo.
O importante é a qualidade da lei e das instituições, a qualidade do direito e da justiça e não mais se as pessoas que ocupam o campo político são ou não virtuosas. E a virtude (e com ela a ética) torna-se coisas da vida privada.
A sociedade é feita por uma divisão social entre os desiguais. Esta desigualdade, ferindo a liberdade, ferindo o que seria a igualdade introduz para a ética e para a política o problema da violência.
A desigualdade real faz com que ao se falar da liberdade como uma coisa ética, torne-se a ética irreal, pois a igualdade pela qual ela poderia funcionar não existe e torna também a política incapaz de realizar a liberdade.