Restrições no complexo portuário de Itajaí afetam economia da região
Só no mês de outubro, o complexo portuário de Itajaí e Navegantes, no Litoral Norte catarinense, ficou 13 dias parado e oito operando com restrições porque a correnteza deixou o Rio Itajaí-Açu muito raso, limitando a movimentação de embarcações. Com isso o complexo perdeu escalas e movimentação de cargas, o que causou prejuízos para toda a cadeia na economia, como mostrou o RBS Notícias.
Desde o início do mês, metade das escalas de navios foi cancelada ou transferida para outros portos. O complexo deixou de movimentar quase 40 mil contêineres e perdeu mais de R$ 55 milhões.
Em uma empresa de Itajaí, o estoque de razão estava lotado nesta semana – a empresa precisou interromper a produção. Mais de 70 toneladas do produto deveriam ser entregues ainda em outubro em países da América e da Europa, o que normalmente seria feito pelo porto da região.
“Estamos buscando outras possibilidades, outros portos pra tentar escoar nossa exportações”, diz Ilson Dias Júnior, analista de exportação.
Caminhoneiros sem trabalho
Se falta carga para levar até o porto, também falta trabalho para caminhoneiros da região. Alguns ficam na cooperativa na esperança de serem chamados pra algum serviço. Os caminhões se acumulam no pátio da prefeitura.
O caminhoneiro Osmar Hey tentava conseguir uma viagem para o terminal. “Nós não temos salário, nós temos comissão. Se não faz, não ganha nada”, dizia o motorista. “Pra sustentar a família está mais difícil como nunca esteve”
Valmir Barbosa, também caminhoneiro, diz que a situação nunca esteve tão difícil. “Há mais de dez dias que eu não ganho ‘vinte contos’. Eu tenho família”.
Economia afetada
O prejuízo não se limita apenas a quem trabalha diretamente com operações portuárias. Pelo menos metade da economia de Itajaí gira em torno do porto. Se o caminhoneiro, o estivador, o importador e o exportador lucram menos, tem menos dinheiro circulando pela região.
“O resultado é uma situação que pode gerar um processo inflacionário, pode gerar uma demanda por alimentos e não tenha contrapartida, pode gerar a ansiedade, estresse, há uma situação em que a população como um todo se sente refém desse processo”, diz Manoel Antônio de Souza, mestre em relações econômicas.
Pra que o rombo não seja ainda maior, Itajaí espera que o governo federal reconheça o decreto de emergência portuária e libere R$ 40 milhões. A intenção é recuperar o quanto antes a profundidade do rio. “A dragagem vai evitar que o prejuízo se torne ainda pior. Por isso, a necessidade de uma draga potente pra que problema seja resolvido dentro de 15 a 30 dias”, afirma Heder Cassiano Moritz, assessor da superintendência do porto.