Porto de Itajaí negocia movimentação de trigo, soja, madeira e carros
O ano pode ser de guinada para o Porto de Itajaí, que em 2015 sofreu com a perda de linhas para a Portonave, em Navegantes. A movimentação de toras de madeira, carros e trigo e soja a granel está sendo negociada com diversos operadores e segue “caminhando”, segundo o engenheiro de carreira da superintendência do Porto de Itajaí, Marcelo Salles.
Apesar de serem operações que fogem da atividade portuária cotidiana em Itajaí, o engenheiro informou que essas tratativas são comuns e ocorrem tanto por parte da superintendência, quanto da APM Terminals para tentar trazer novas cargas para o complexo. "É um trabalho comercial que o Porto sempre faz".
Salles adiantou que a movimentação de veículos é a operação que estaria de certa forma em tratativas mais adiantas. Há um pacote de medidas do governo do Estado para incentivar a atividade nos portos catarinenses. Contudo, o engenheiro destaca que a concorrência com os portos de Imbituba e São Francisco do Sul é bastante acirrada.
Cauteloso, Marcelo Salles diz, no entanto, que essas operações exigiriam muito estudo e ajustes com a mão de obra. Em todos os casos seria inevitável haver impactos sobre a cidade como o trânsito cada vez maior de caminhões sem se poder contar com a Via Expressa Portuária e, no caso dos grãos especificamente, a sujeira.
O próprio prefeito Jandir Bellini comentou a movimentação de soja, informando que as operações poderiam iniciar já em abril deste ano, tão logo sejam concluídas as reformas dos berços 3 e 4. A soja cuja movimentação está sendo negociada para ocorrer no Porto de Itajaí é orgânica e há uma exigência dos importadores de que ela seja embarcada por um terminal que não movimenta soja transgênica, para evitar mistura.
Algumas alternativas para movimentar a carga a granel estão em estudo. A primeira alternativa é de que o operador construiria um armazém inflável no Porto de Itajaí, próximo aos berços 3 e 4. A soja chegaria de caminhão ao Porto, seria descarregada neste armazém, colocada em contêineres especiais, que levados ao navio, teriam um fundo que se abriria e a soja seria estocada nos porões do navio. Isso porque o Porto de Itajaí não tem esteiras que levam a soja até os navios.
A segunda alternativa seria o operador alugar um dos vários galpões disponíveis ao longo da BR-101, ou próximos, para estocar a soja fora da cidade. Os contêineres seguiriam para o Porto cheios, mas sem derramar a soja pelo meio do caminho, seriam erguidos para os navios e despejariam a soja nos porões. Neste caso, a operação exigiria um local alfandegado, o que pode atrasar as negociações.
De todo modo, a superintendência do Porto diz que ainda é cedo para tomar qualquer uma dessas possíveis movimentações como realidade. As viagens e reuniões que o superintendente Antonio Ayres dos Santos Júnior tem feito são para tratar primordialmente sobre o início das obras da nova bacia de evolução.