Porto de Itajaí e o vírus da burocracia
Para quem se vangloria de ter um plano ousado de investimento em infraestrutura, como o PAC, o governo ainda submete os portos brasileiros a situações inexplicáveis. Como justificar que as obras de recuperação do porto de Itajaí (SC) um dos mais importantes do país, ainda não terminaram e, pior, estão empacadas por questões burocráticas? O porto foi prejudicado pelas chuvas do final do ano passado, entrou no programa de obras emergenciais do governo federal, e ainda não conseguiu recuperar a capacidade plena.No início de julho entrevistei o ministro dos Portos, Pedro Brito, e ele me assegurou que em seis meses as obras em Itajaí estariam prontas e que o empreendimento era prioridade. Três dias depois, desembarquei em Itajaí e os engenheiros envolvidos na obra afirmavam que o negócio estava emperrado. Dito e feito. Após uma semana, o ministro explicava para as lideranças do TCU que problemas como liberação junto ao TCU e renovação do decreto emergencial atrapalhavam o andamento da recuperação do porto.
Enquanto isso, sofre o município, que tem mais de 60% da economia ligada às atividades do porto. Agora, no final da tarde, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, tem uma reunião com o ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, para tentar desembrulhar essa confusão. Os dois são do mesmo partido (PMDB) e talvez se entendam. Mas tudo isso não tem cabimento.
O porto de Itajaí está no PAC, em uma região importante para a exportação de carnes e é fundamental para o Estado. Deveria ter atenção do governo federal e não tem. Nesta semana, a revista Exame publica uma entrevista com Ian Bremmer, presidente da Eurasia, consultoria americana de risco político. Ele resume em uma resposta um dos principais desafios do Brasil como país emergente:
- A desvantagem do Brasil é a burocracia excessiva, que prejudica o clima de inovação e de empreendedorismo no país – afirmou à Exame.
Eles lá fora sabem das nossas carências. Nós aqui também sabemos. E nada muda.