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BNDES dá alívio à Triunfo ao adiar vencimento de empréstimo­ ponte

Vista da área de check­in do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, na época em que a concessão foi transferida ao consórcio liderado por Triunfo e UTC 13/10/2016 ­ 05:00 BNDES dá alívio à Triunfo ao adiar vencimento de empréstimo­ponte Por Fernanda Pires e Victória Mantoan

A concessionária de infraestrutura Triunfo Participações e Investimentos (TPI) deu, nesta terça­feira, um passo importante para conseguir mais fôlego diante do seu pesado endividamento de curto prazo. Obteve aprovação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para adiar por 60 dias o vencimento de sua maior dívida, um empréstimo­ponte de R$ 776 milhões para a concessionária de rodovia Concebra, que venceria no sábado.

O montante, que pode beirar os R$ 800 milhões com correção pela inflação, representa 21% da dívida bruta da empresa, que fechou junho, último dado disponível, em R$ 3,6 bilhões. A empresa, contudo, precisa equilibrar vários pratos ao mesmo tempo até conseguir respirar aliviada.

Do passivo total, a TPI contabilizava R$ 1,95 bilhão em compromissos com vencimento ainda em 2016, o que levantou ceticismo no mercado quanto à sua capacidade de pagamento. Na terça­feira, a agência de classificação de riscos Fitch Ratings rebaixou a nota da empresa para C (bra), de CC (bra), no segundo rebaixamento em menos de duas semanas.

O primeiro corte aconteceu no início do mês. Um dia depois, a TPI anunciou a obtenção de um reperfilamento de R$ 83 milhões com o Credit Suisse. Além disso, a empresa conseguiu um acordo com os debenturistas da 3ª e 4ª emissões que prevê o resgate antecipado de um estoque total de R$ 350 milhões. Com isso, obteve o adiamento do pagamento de juros e amortizações que venciam até o dia 15 de dezembro.

Os recursos para o pagamento virão de uma captação que a empresa está estruturando com um investidor estrangeiro de infraestrutura que deve superar os R$ 550 milhões. A expectativa é de que esse movimento dê uma folga de caixa para a companhia pelos próximos 24 meses. A TPI tem como principal controladora, com 55,5% do capital social, a Triunfo Holding de Participações S.A.

A companhia nasceu em 1999 como um grupo de concessões focada no setor de rodovias, ao herdar as concessões Concepa, Concer e Econorte, todas licitadas na década de 1990 e que eram da construtora Triunfo ­ hoje sem relação com a TPI. Em seguida, a TPI passou a diversificar o portfólio de negócios.

Em 2001 comprou uma participação de 16,67% da Portonave, então um projeto de terminal de uso privado em Navegantes (SC). Expandiu a fatia no terminal para 50% em 2007, mesmo ano em que começou a construir a usina hidrelétrica de Salto e em que abriu o capital. Está listada no segmento Novo Mercado da BM&FBovespa.

A empresa continuou apostando na diversificação para crescer no Brasil. Entrou no negócio de navegação de cabotagem, ao criar a empresa Maestra. A controlada não decolou, entre outros fatores, porque os navios eram pequenos e sem escala para competir nesse mercado. A Maestra encerrou as operações em 2013.

Em 2010 o segmento de energia foi o alvo da vez. A companhia obteve o direito de explorar a hidrelétrica Garibaldi, constituiu a Rio Canoas Energia, que assinou contrato de concessão com o Ministério de Minas e Energia, e começou as operações da usina de Salto. Dois anos depois a TPI deu um dos passos mais ousados ao entrar no negócio de aeroportos.

A companhia integrou o consórcio Aeroportos Brasil Viracopos (ABV), formado ainda pela UTC Participações ­ cuja construtora foi depois envolvida na Lava­Jato ­ e pela francesa Egis Airport. O consórcio arremata a concessão do aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas (no interior de São Paulo), ao ofertar uma proposta de R$ 3,821 bilhões, ágio de 159,8%. Mas, desde então, foram sucessivos atrasos para modernizar o aeroporto.

Agora, está em discussão na Justiça a aplicação de uma multa à concessionária de R$ 95,05 milhões. A sanção foi imposta pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que alegou atraso na entrega do novo terminal de Viracopos. Em 2013 a companhia venceu o leilão para administrar um trecho de 1.176,5 quilômetros das BRs 060/153/262 entre o Distrito Federal, Goiás e Minhas Gerais ­ ao qual nomeou de Concebra. É a maior concessão rodoviária em extensão do país ­ e se tornou um dos maiores investimentos da TPI.

Em fevereiro, o BNDES aprovou o financiamento de longo prazo para a Triunfo Concebra no valor de R$ 3,6 bilhões, o equivalente a 65% dos investimentos financiáveis previstos até 2020 na rodovia. Na ocasião, o presidente da TPI, Carlo Bottarelli, disse que o recurso era estratégico para que a concessão desse continuidade aos investimentos. O montante será destinado ainda à quitação do empréstimo ­ponte feito com o banco de fomento. Mas, embora aprovado, o desembolso não foi liberado.

Alavancada, a TPI vendeu as usinas hidrelétricas Rio Verde e Rio Canoas e a comercializadora TNE para a China Three Gorges (CTG) e reduziu para 2,8 vezes a alavancagem ­ medida pela relação dívida líquida sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês).

A venda dos ativos de energia e a assunção de duas novas rodovias ­ a Triunfo Concebra e a Triunfo Transbrasiliana ­ integraram ainda a estratégia da de focar o portfólio no negócio âncora: as rodovias, que hoje totalizam cinco.

Procurada, a TPI disse, em nota, que "segue com o compromisso de melhorar sua estrutura de capital, por meio de alternativas para o alongamento do perfil do seu endividamento, sobretudo na holding, para fortalecer seus projetos ao longo dos próximos anos e garantir a execução de seu planejamento estratégico" e que, nos últimos trimestres, seus esforços para reduzir os custos operacionais e a venda de ativos de energia "já contribuíram para reduzir a alavancagem da companhia." (Colaborou Alessandra Belotto)

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