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Paulo Guedes diz que pretende “meter uma faca no Sistema S”

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que pretende “meter uma faca no Sistema S”, conjunto de entidades que inclui o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); o Serviço Social do Comércio (Sesc); o Serviço Social da Indústria (Sesi); e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac).

“Estão achando que só a CUT [que passará por cortes]? (…) “Como pedir sacrifício para outros se não dermos nossa contribuição?”

O economista defendeu, em palestra realizada na tarde de nesta segunda-feira, na sede da Federação da Indústria do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), cortes no orçamento do Sistema S que poderiam chegar a 50%.”Se tiver a visão do Eduardo Eugênio (presidente da Firjan) corta 30%. Se não tiver, corta 50%”, afirmou, sendo aplaudido pela plateia, formada majoritariamente por empresários.

Após a palestra de Guedes, o presidente da Firjan disse que considera positivo qualquer esforço para tornar mais eficientes os gastos das instituições que compõem o Sistema S.

“Quando se colocam juntas as instituições do comércio e da indústria, é evidente que tem recursos para serem reduzidos. Existe uma sinergia natural, normal”, ressaltou.

Questionado se um corte de 30% seria razoável, o dirigente disse que é preciso avaliar como seria feita a redução de recursos:

“Depende do que a gente está falando. É 30% apenas para a indústria ou para o total?”, perguntou.

Previdência

Durante as palestras, Guedes abordou também a reforma da Previdência. Segundo ele, o primeiro passo do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) na área vai ser tentar “acertar” o sistema atual, em tramitação no Congresso Nacional. Depois, disse, a intenção é instaurar um regime de capitalização que garanta “a libertação das gerações futuras”.

Na área tributária, ele afirmou que quer implantar políticas horizontais, sem isenções, “com todo mundo pagando menos”.

O economista afirmou que o problema brasileiro “sempre foi fiscal”.

Para ele, o certo seria o Congresso Nacional acompanhar a execução do orçamento público a cada três meses.

“Isso é muito mais importante que acompanhar o Copom (Comitê de Política Monetária)”, afirmou. “Meus diálogos em Brasília têm sido extraordinariamente construtivos”, acrescentou.

O futuro ministro destacou que o governo se tornou “uma fábrica de desigualdades” devido às intervenções na economia, que geram – segundo ele – desequilíbrios na área da Previdência.

“Previdência é uma fábrica de desigualdades”, frisou durante palestra na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Para Guedes, uma parte da classe empresarial brasileira “continua fazendo o mesmo discurso”.

Enquanto o Brasil está se desindustrializando, as lideranças seguem confortáveis, disse.

“O Brasil virou um país de burocratas, rentistas e piratas privados que se baseiam no toma-lá-dá-cá.”

Democracia

O economista disse também que o regime democrático no país “nunca esteve ameaçado”. Na visão dele, a alternância de poder entre direita e esquerda faz parte da democracia.

“Qual o problema de o outro lado [político] ganhar no Brasil? Não dá para entender o pessimismo.”

“O Brasil é uma democracia emergente, tem necessidade de aprender as legítimas aspirações sociais da população”, acrescentou ele com relação aos benefícios sociais previstos em lei.

O futuro ministro afirmou que o país “quase se perdeu” por causa de impostos altos e encargos trabalhistas, que ele classificou como “excessivos”. Mas se mostrou tranquilo com relação ao futuro do país.

“Vamos criar uma nova história”, disse o economista. “Será que não dá para entender que o aparelhamento do Estado não ajuda a sociedade?”, acrescentou.

Para ele, “orçamento não tem ideologia” e as instituições brasileiras estão prosperando. E salientou em discurso que, nos últimos anos, os gastos públicos subiram de forma ininterrupta.

Guedes disse que as eleições presidenciais deste ano foram “um belíssimo sinal de força de uma democracia usando novas tecnologias”.

Na visão dele, o país amadureceu ao dizer “não” às correntes políticas que já governaram o Brasil anteriormente.

Para o economista, “a predominância da social democracia por 30 anos” fez com que fossem perdoados “inflação, congelamento e até roubo”.

Pacto federativo

De acordo com ele, o governo Bolsonaro vai construir um modelo de governabilidade diferente do existente atualmente.

A relação do governo federal com os outros entes municipais se dará por meio do pacto federativo.

“Reunião do Confaz deveria ser todo o mês”, disse, referindo-se ao conselho de secretários estaduais de Fazenda.

O economista lembrou que o regime militar investiu pesadamente em infraestrutura física ao longo de 20 anos.

“Seria ótimo que Estados e municípios tivessem uma fatia maior dos recursos”, reconheceu, mas afirmou que os entes regionais também precisam ajudar a corrigir a “hipertrofia” do governo federal.

Na análise de Guedes, o país vive um momento similar ao da Revolução Francesa.

“Uma hora a guilhotina cai sobre um”, ironizou.

Para ele, a classe política brasileira tem hoje “todos os privilégios mas não tem atribuições” e vai precisar se “reinventar”.

Ele destacou ainda que o primeiro grande eixo das reformas no novo governo será a aprovação de matérias com as bancadas temáticas do Congresso.

Sobre o tema da cessão onerosa, o futuro ministro afirmou – durante a palestra, que vai “voltar ao ataque no ano que vem”.

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