Maersk acaba de reestruturar o serviço de navegação
Maior transportador marítimo de contêineres do mundo, a dinamarquesa Maersk acaba de reestruturar o serviço de navegação entre a Costa Leste da América do Sul e a Ásia, produzindo efeitos significativos no Brasil.
O armador voltará a escalar o porto de Itajaí (SC) nessa rota e mudará a atracação dos navios no porto de Santos (SP). Na prática, o terminal DP World Santos (novo nome da Embraport) perderá o serviço da Ásia para o Tecon Santos, da Santos Brasil.
A reestruturação prevê a formação de um novo consórcio de armadores na rota com a Ásia - a maior em volume de cargas a conectar o Brasil com o exterior - para atender exigências de órgãos asiáticos após a compra da Hamburg Süd pela Maersk.
O primeiro navio vai sair do porto de Busan, na Coreia do Sul, no dia 16 de dezembro rumo ao Brasil.
Serão escalas semanais em portos brasileiros, argentinos e uruguaios.
No total, são 13 navios, sendo dez com capacidade nominal para 9 mil Teus (contêiner padrão de 20 pés) e três para 8.700 Teus.
"A Maersk não poderia, em uma eventual renovação do acordo de compartilhamento com outros armadores, ter um serviço e a Hamburg Süd outro na mesma rota", explica Dennis Freitas, diretor geral no Brasil da Safmarine, empresa do grupo Maersk.
Além de terem de andar juntas, Maersk e Hamburg Süd não podem mais se consorciar com os maiores provedores de capacidade desse tráfego, como os armadores MSC e CMA CGM, entre outros, para evitar concentração de mercado.
A alemã Hamburg Süd era líder nos tráfegos com Brasil.
Após comprar a empresa, no ano passado, a Maersk assumiu a liderança nas rotas que envolvem o país, respondendo hoje por aproximadamente 30% do mercado.
Hoje, a Maersk compartilha com a MSC e One o serviço da Ásia que escala no terminal da BTP.
Já a Hamburg Süd lidera um consórcio de armadores que faz a linha da Ásia e inclui ainda Hapag-Lloyd, One, Hyundai e Zim, operando no terminal DP World.
Para atender as autoridades asiáticas, Maersk e Hamburg Süd poderiam compartilhar o serviço da Ásia na BTP - onde o braço de terminais do grupo Maersk é acionista - ou continuar na DP World Santos, onde a Hamburg Süd está.
Contudo, a BTP está lotada e o grupo dinamarquês acaba de prorrogar por dois anos um acordo com o Tecon Santos herdado da Hamburg Süd.
"Em termos de volume essa reestruturação deverá reduzir a movimentação na DP World Santos, que já operava com certa ociosidade, e aumentará ainda mais a movimentação no Tecon Santos, que precisará elevar significativamente a produtividade para atender esse volume adicional", disse Leandro Barreto, sócio da consultoria Solve Shipping.
Assim, o Tecon Santos passará a receber Hamburg Süd, Maersk, Hyundai e Zim no serviço da Ásia.
A BTP ficará com MSC, Hapag-Lloyd e One. E nada muda no serviço que a Libra opera para Ásia, com Cosco, CMA CGM, Evergreen e Yang Ming.
Ao menos por enquanto, já que a Libra está em recuperação judicial e, em outra frente, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a relicitação da área ocupada pela empresa em Santos entendendo que a prorrogação antecipada do contrato, em 2015, foi realizada de forma irregular.
Para o principal diretor da Maersk Line na Costa Leste da América do Sul, Antonio Dominguez, um dos benefícios dessa reestruturação é a volta das atracações no porto de Itajaí, de onde a Maersk tirou os navios do tráfego com a Ásia há dois anos por limitações do porto. "Era uma das exigência dos clientes", afirmou o executivo.
Hoje o porto catarinense só pode operar embarcações de até 306 metros de extensão. Mas estão sendo finalizadas obras que ampliarão a capacidade de recepção de navios em Itajaí.
"As importações do Brasil caíram muito nos últimos meses. Para falar de navios maiores, temos de falar da retomada das importações para o país. Primeiro a carga, depois o navio", disse Dominguez.
As importações brasileiras por via marítima a partir da Ásia caíram 11% em setembro.