Navegação e portos em inovação
Há mais de 10 anos, quem visitasse Roterdã, na Holanda, já encontrava um certo terminal portuário de contêineres com equipamentos automatizados e se sentiria assistindo a um filme de ficção científica.
Um ambiente silencioso e sem a presença de ser humano, no qual contêineres circulavam em pranchas sobre rodas na área de operações, em movimentos sincronizados e otimizados.
Eles são transportados do cais à área de armazenagem, com qualquer clima. Hoje, do lado de mar também há mudanças à vista. É um cenário de inovação na logística porta-a-porta (door-to-door).
Para domá-la os participantes (players) devem se fazer competentes para atuar nesse complexo jogo de negócios. Os fatores dessa transição são: tecnologia e sustentabilidade.
No próximo 1º de janeiro, quando entra em vigor o novo regulamento da Organização Marítima Internacional (IMO 2020) impondo um limite global de 0,5% de enxofre no combustível marítimo (bunker) e substitui o atual de 3,5%, haverá reflexos no preço dos fretes.
Ainda que a busca de uma transição suave, com flexibilização de prazos para possibilitar pleno atendimento por todos os navios, a redução de poluente no combustível marítimo é caminho sem volta.
Seus custos serão repassados ao consumidor. Para balancear essa majoração do atual sistema, os armadores farão arranjos a partir deste ano na busca de compensação.
Dois componentes são determinantes na busca desse equilíbrio: escala e produtividade.
A tendência é de aumentar o tamanho dos navios ou de construir embarcações menores e mais velozes, bem como acelerar o seu rendimento com energias alternativas.
Na movimentação de cargas nos portos, o desafio será realizar a necessária mudança do modelo concorrencial mata-mata para o cooperativo.
Estruturalmente, significa incorporar automação, Internet e tecnologia blockchain, sincronicamente, como investimento e domínio possíveis.
Trata-se de estabelecer condições para explorar e amplificar as vantagens promovidas pelo porto inteligente (smart port) na construção da comunidade portuária.
Atentemos ao fato de que a tecnologia digital permite compartilhamento de dados com resultados positivos nos custos administrativos e no desempenho operacional.
Assim, viabiliza o Davi enfrentar o Golias. Visto que os diferenciais competitivos surgem de inovações e insights profundos sobre como são os processos e como eles podem ser melhorados.
Daí a importância do empresário do comércio marítimo perceber que está diante de uma realidade que deriva de um novo conceito, é uma nova forma de tocar os seus negócios.
Assim, o enriquecimento do conhecimento e do estímulo às novas ideias aumentam a sua competitividade global.
Fechando o ciclo logístico, esse processo inovador irá abranger também todas as conexões terrestres.
Como já acontece, detectores de movimentos e câmeras para leitura de placas alimentam com dados para agilizar o controle do tráfego de entrada e saída de carretas nos terminais.
São informações em tempo real, entre os condutores e as empresas transportadoras com a administração dos portos.
Por fim, cabe ao governo o imprescindível papel político de promover o aglomerado de empresas, para aumento da sua produtividade, em especial pelo fortalecimento da capacidade de inovação e pelo estímulo na formação de novas empresas.
Para aumentar a produção e gerar trabalho.