O futuro incerto dos portos brasileiros
Mesmo tardia, a escala digital do Órgão de Gestão de Mão de Obra do Trabalho Portuário (Ogmo), do Porto de Santos, é um sinal inequívoco de mudança de paradigma na atividade.
As aglomeradas, tumultuadas e sacrificantes “paredes” (pontos) de escala de trabalhador, que simbolizavam o trabalho avulso no porto, serão substituídas por um aplicativo.
A partir do próximo dia 1º de julho, a escalação poderá se confirmada de qualquer lugar onde chegar o sinal da internet.
Algoritmos e inovações como a tecnologia Blockchain serão para o comércio global o que foi para a exploração dos micro e macrocosmo a invenção da lente.
Esse aumento na produtividade do capital investido vai exigir que toda organização se transforme em agente de mudança para ter sucesso.
Qual será o impacto da automação na logística e cadeias de suprimento?
Nesse novo cenário, de empregos suprimidos e empregos gerados: o que o futuro do trabalho irá significar para os empregos, habilidades e salários na cadeia logística dos portos?
Sem sombra de dúvida, a administração do porto organizado é fator de desenvolvimento da sua comunidade: geográfica, econômico e socialmente.
Inegavelmente, o arrendamento portuário e a elaboração do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ), como estabelecimento do processo concorrencial, foram avanços significativos na produtividade da movimentação de carga nos portos brasileiros.
Entretanto, permanece o "cabo de guerra" entre grupos favoráveis a modelos distintos de administração dos portos: Landlord Port – exploração de terminais arrendados, pertencentes a portos organizados – e o Fully Privatized Port – exploração de terminais de uso privado.
Administração Portuária é um conceito atrelado aos significados de igualdade e justiça.
Contudo, o papel dos portos, em especial o do Porto de Santos como paradigma da reforma portuária, excede a sua área organizada.
Ninguém pode pretender afirmar que o modelo mais utilizado no mundo - e nos principais portos - não seja o mais adequado ao mais importante porto do Hemisfério Sul.
O caminho inexorável deve ser evolutivo, fruto de período suficiente de experiência do Landlord Port.
Tudo indica que a reforma dos portos irá navegar uma conjuntura política de crises.
Convém lembrar que a atividade portuária envolve muitos e não poucos interesses, com forte representatividade em todos os níveis da política nacional.
Daí ser adequado navegar as correntes predominantes e favoráveis à descentralização da gestão dos portos no modelo Landlord Port.
Essa é a esperança de gerar outra vez a evolução que a Lei dos portos nº 8.630/93 causou.