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Trabalhadores de Itajaí chegam a receber 10% do salário

Os estivadores do porto de Itajaí se reúnem todo dia no sindicato da categoria para saber como será a próxima jornada de trabalho. Ali, eles participam de uma espécie de chamada, que seleciona o número de estivadores necessários para descarregar os navios que atracaram no porto. Eles recebem por serviço. Nos últimos seis meses, muitos deles têm saído de mãos vazias.

As enchentes de novembro comprometeram dois de quatro berços do porto, que agora estão sendo reconstruídos. Além disso, estão sendo realizadas obras de dragagem, retirada de entulho do fundo do rio e reparações no cais, que ficou parcialmente destruído.

Segundo a administração do porto de Itajaí, ele opera atualmente com 30% a 40% de sua capacidade. Porém, o cálculo dos estivadores é diferente: apenas de 10% a 15% da capacidade estaria operante. Os 342 trabalhadores associados ao Sindicato dos Estivadores de Itajaí eram chamados a descarregar as embarcações até duas vezes por dia e recebiam entre R$ 4.000 e R$ 5.000 ao final do mês. Após as enchentes, o trabalho ficou reduzido a, em média, dois dias por mês.

Segundo a administração do porto de Itajaí, ele opera atualmente com 30% a 40% de sua capacidade; estivadores discordam

"Eu recebi R$ 200 no último mês. Não pude nem tirar o Fundo de Garantia porque já tinha usado ele para tratar de uma doença", afirma Valdelei Cabral, 60. Já seus colegas sacaram o dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) não para reconstruir a casa, mas "para sobreviver". "Nós perdemos nossos bens e nossa fonte de renda", afirma o estivador Arlindo Vicente, 51.

A solução foi retomar outras atividades que já exerciam. "A maioria tem duas profissões. Eles trabalham como pedreiros, biscates", conta o estivador Francisco Norberto Souza, 47, que trabalha hoje com aeromodelismo.

Se nas enchentes anteriores, principalmente nas da década de 80, parte dos estivadores foi trabalhar em outros portos da região, desta vez o cenário foi diferente. "Tem a crise, muitos portos estão com o movimento menor", afirma Souza. Para ele, a "ficha demorou a cair". O estivador participou de uma equipe de homens que trabalharam junto com a Defesa Civil no resgate das vítimas das chuvas durante cerca de 30 dias. "Era dia e noite, a gente chegou a trabalhar 18 horas seguidas. Quando eu voltei é que a ficha caiu", relembra. Opine e participe

A administração do porto afirma que até o final do ano o local estará funcionando plenamente. "É o mínimo. Se passar de um ano, não sei o que vai ser da gente", afirma o presidente do sindicato, Saul Airoso. "A impressão é que é muito lento, muito burocrático", analisa Airoso. Os trabalhadores arriscam dizer que o porto só deve estar normalizado em meados de 2010.

Em medida provisória no final do ano passado, o governo federal liberou R$ 350 milhões para a recuperação do local. Segundo a administração, já foram gastos R$ 200 milhões com obras de reconstrução e R$ 30 milhões com dragagem.

O porto é o principal canal de escoamento do Estado e 70% de sua carga vai para exportação. Antes dos estragos das chuvas, o local era considerado o segundo maior do Brasil em volume exportado, perdendo apenas para o porto de Santos.

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