DPW assumiu com a Odebrecht 51,5% da Embraport
O projeto da Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport) no porto de Santos, com investimentos estimados de R$ 1 bilhão, não deve ser afetado pelo pedido de moratória do pagamento da dívida da Dubai World, controladora da DP World (DPW), um dos maiores operadores portuários do mundo. Em agosto, DPW e Odebrecht Investimentos em Infraestrutura compraram 51,5% da Embraport por valor não revelado.O Valor apurou que o pagamento da DPW e da Odebrecht pela participação majoritária na Embraport foi feito à vista e em dinheiro. Segundo fontes do setor, o desembolso chegou a R$ 580 milhões, dos quais cerca de R$ 300 milhões teriam sido pagos ao grupo capixaba Coimex, que era o principal acionista do projeto. Os outros R$ 280 milhões teriam entrando diretamente no caixa da Embraport. A Odebrecht informou que não falaria os assuntos envolvendo Dubai World e DPW.
Segundo informações, 100% do capital devido pelos acionistas da Embraport foi integralizado na empresa. Hoje, a companhia teria em caixa cerca de R$ 350 milhões ou até maior, avaliam. Depois da venda, a Coimex, que tinha 66,6% das ações do empreendimento, ficou com 15,27%. O Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) já tinha 33,33%, fatia comprada no fim de 2008 por R$ 450 milhões.
Odebrecht e DPW teriam cada uma metade dos 51,5%. O grupo baiano e sua sócia têm relação comercial há mais tempo. A Odebrecht é líder dos consórcios que constroem dois terminais de contêineres da DPW: o de Callao, no Peru, e o de Doraleh, em Djibuti, na África. No total, a DPW tem 49 terminais portuários e 12 em desenvolvimentos em 31 países, segundo informações no seu site.
Fonte do setor acredita que o projeto da empresa de construir um dos maiores terminais portuários multiuso do país, em Santos, está preservado. A avaliação se apoia no fato de que a DPW ficará de fora da reestruturação dos pagamentos aos credores pedida pela Dubai World. Os compromissos econômico-financeiros em relação à Embraport estariam cumpridos.
O terminal tem previsão de iniciar operação no fim de 2012. Numa primeira fase, com capacidade para movimentar 1 milhão de contêineres/ano. Na segunda fase, em que estaria em plena carga, em 2014, chegaria a 1,5 milhão de unidades e 2 bilhões de litros de álcool. Isso dependerá do mercado.
No momento, a Embraport avança no projeto-executivo de engenharia e, paralelamente, prepara uma série de serviços para o início das obras, incluindo energia, água, sistema viário, asfaltamento e construção de berços, entre outros. As obras civis do empreendimento vão ficar a cargo da Construtora Norberto Odebrecht. Na parte regulatória, estão em andamento tratativas com autoridades como Antaq e Cade. O projeto deve ser analisado sob a ótica da concorrência. A mudança de controle acionário também deve ser examinada pela Antaq.