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Balança Comercial: Importação tem mês recorde

A indústria catarinense começou o ano pós-crise com retomada do comércio exterior. Mas no primeiro bimestre, a conta da diferença entre as exportações e as importações, chamada de saldo comercial, fechou US$ 652,7 milhões negativa.

Não é pouca coisa. Para ser exato, esse montante representa 76,2% do déficit de todo ano de 2009. O peso extra na balança foi provocado pelo crescimento das importações em fevereiro, que subiram 52,8% em relação ao mesmo período de 2008, e somaram US$ 811,5 milhões, o maior volume da década para um único mês.

Os dados foram divulgados ontem pela Federação das Indústrias de SC (Fiesc). As exportações também subiram, o que mostra a recuperação da economia catarinense – a base de comparação, o primeiro bimestre de 2009, foi o momento em que a crise atingiu em cheio a indústria brasileira. Mas as vendas para o exterior aumentaram a uma taxa ainda bem mais modesta, de 13,8%, e atingiram US$ 511 milhões.

No acumulado o bimestre, os principais países dos quais SC importou são Peru (que cresceu 158,3% no período de comparação), Itália (123,5%), México (122,1%) e Chile (91,9%).

A explicação para a disparada das importações não é nova. O real valorizado frente ao dólar é apontado pelo presidente em exercício da Fiesc, Glauco José Côrte, como uma das razões. Reconhecido como grande importador de insumos e matéria-prima, o Estado viu ampliar nos últimos anos, sobretudo em 2009, as importações de manufaturados, o que prejudica a concorrência com os fabricantes locais. Outra razão é o redirecionamento das vendas de países que perderam espaço nas exportações para Europa e EUA, economias em recessão, e buscaram mercados aquecidos, como o Brasil.

– Vamos conviver por muito tempo, e talvez definitivamente, com a concorrência forte, como a China, por exemplo, e outros países que têm custos de mão de obra bem mais baixos do que os brasileiros – observou Côrte.

Outro atrativo às importações é o programa Pró-Emprego, que, desde 2007, oferece incentivos fiscais a importadoras, cujos produtos passam por portos catarinenses, mas não necessariamente ficam no Estado.

Apesar da balança comercial negativa, o aumento dos embarques é visto como positivo pela Fiesc. Dos 10 produtos mais exportados, cinco cresceram no acumulado do bimestre.

Côrte ressaltou que é importante avaliar os resultados ao longo dos próximos meses para confirmar se o desempenho de fevereiro indica uma nova tendência de recuperação das vendas no exterior.

A presidente da câmara de comércio exterior da Fiesc, Maria Teresa Bustamante, disse ter esperança de que até o final do ano, o Estado consiga reduzir o déficit que foi se acumulando nos últimos anos.

– Os números não são exatamente o que gostaríamos de ver, mas diante do cenário, estamos em curva ascendente e lenta, com a retomada gradual do mercado.

Retaliação aos EUA não deve afetar SC

O aumento da alíquota brasileira de importação de 102 produtos importados dos EUA, em retaliação aos subsídios americanos aos produtores de algodão, não deve afetar as relações comerciais daquele país com SC. A presidente da câmara de comércio exterior da Fiesc, Maria Teresa Bustamante, explica que a grande maioria dos produtos que constam da lista é comprada pelos catarinenses da Ásia.

A medida também não deve afetar SC nas exportações. É uma situação diferente do estado vizinho, o Rio Grande do Sul, beneficiado pelo sistema geral de preferências com redução de tarifas para venda de produtos aos americanos. O temor gaúcho é que a benevolência americana possa ser encerrada com a retaliação brasileira.

Maria Teresa reconhece que a sobretaxa é ruim para o comércio bilateral, porque geralmente quem paga o preço é o consumidor, que perde oportunidade de ter várias fontes de fornecimento e de produtos de boa qualidade. Por outro lado, entende que Brasil levou tempo para defender seus interesses na Organização Mundial do Comércio e a postura deve ser elogiada.

Diante da ausência de uma oferta para negociar uma alternativa “pacífica” às retaliações, o governo brasileiro deve antecipar para a próxima semana o início da consulta pública da lista de direitos de propriedade intelectual – como patentes e royalties –, que também podem sofrer sanções.

A expectativa do Itamaraty era de que uma proposta inicial de compensação fosse entregue por Michael Froman, conselheiro-adjunto de Segurança Nacional para Assuntos Econômicos Internacionais da Casa Branca, recebido em Brasília ontem. Mas ele preferiu tratar da controvérsia só como tópico da agenda bilateral.

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