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Infraestrutura é insuficiente para suprir demanda

Infraestrutura é insuficiente para suprir demanda.

Não é de hoje que a infraestrutura logística brasileira é sujeita a críticas. Atrasos nas operações dos portos, falta de tecnologia adequada para equipamentos específicos, rodovias bloqueadas e em mau estado de conservação, excesso de burocracia nos processos aduaneiros, baixa disponibilidade de espaço em armazéns, todos são fatores que agem como agravantes nas operações dos embarcadores.

"Temos de nos preocupar muito com a infraestrutura que nosso governo oferece, não somente na parte de portos, rodovias, ferrovias, mas também no comércio exterior", opina um dos sócios da M&T Consulting (empresa de consultoria com projetos customizados para a área logística), Edson Foltran (na foto).

A primeira fase do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que se estende de 2007 a 2010, reserva R$ 58,3 bilhões em infraestrutura logística. O pacote envolve construção, adequação, duplicação e recuperação de 45 mil quilômetros de estradas, 2.518 quilômetros de ferrovias, ampliação e melhoria de 12 portos e 20 aeroportos. Mesmo assim, especialistas avaliam que não é suficiente.

O diretor de supply chain da seção Mercosul da Renault, André Perez, destaca que a indústria automotiva necessita de um comitê de logística para discutir propostas concretas para a melhoria do setor, que representa 21% do PIB brasileiro.

"Temos grande representatividade no PIB brasileiro, e precisamos assumir este papel. É fundamental que tenhamos um local no qual possamos discutir uma proposta concreta", disse Perez em entrevista ao Guia Marítimo, durante o Automotive Logistics South America, evento realizado recentemente em São Paulo que discutiu os desafios logísticos do setor.

De acordo com o executivo, a falta de estratégia leva os embarcadores à dispersão de serviços logísticos, que não suportam a demanda atual. "Não se consegue entregar grãos do Mato Grosso para o Paraná, porque não tem uma estrutura de armazenagem na origem; a armazenagem é o próprio caminhão. Com 90 quilômetros de fila de caminhões entre Curitiba e Paranaguá, são mais três horas de trânsito para descer a mercadoria. Para um País que diz que vai crescer 5% ao ano e que absolutamente tem tudo para fazer e acontecer, nós não crescemos nada", conclui Perez.

Modalidades de transporte

De acordo com Foltran, da M&T Consulting, justamente por conta da defasagem na infraestrutura, muitas vezes as empresas são obrigadas a consumir mais energia desenvolvendo soluções logísticas do que com sua própria atividade-fim. "Cerca de 60% dos interesses dos embarcadores são voltados para redução de custos e 40% centrados na melhoria dos serviços internos", informa.

O Brasil tem 1,6 milhão de quilômetros de estradas, sendo que apenas 200 mil quilômetros são pavimentados e 80% estão em bom estado de conservação. "Isso encarece e muito a movimentação de cargas. O alto custo da logística brasileira está atrelado a esta divisão das modalidades de transporte", pontua Foltran. "Em comparação com outros países, utilizamos muito pouco o modal ferroviário.

A Rússia transporta 81% via ferroviário; o Canadá, próximo a 50%; e Austrália, 43%". Segundo Foltran, o modal rodoviário representa 58% do transporte brasileiro, ferroviário 25%, aquaviário 13%, dutoviário e aéreo em torno de 4%.

O Brasil tem 29 mil quilômetros de malha ferroviária, e com o PAC tem previsão de aumentar 8 mil quilômetros até 2011 com investimentos de R$ 33 bilhões. "Analisando o PAC, claramente podemos ver que é no modal ferroviário que o governo está fortalecendo os investimentos". Foltran avalia que, se o País mudar a matriz de transporte do rodoviário para o ferroviário, resultará em 38% de aumento de eficiência energética, e 40% de redução de combustível.

O especialista também chama atenção para a cabotagem, atentando para os 40 portos hidroviários e marítimos. "Temos 7.500 quilômetros de costa marítima e não temos mais de 40 mil quilômetros de rios navegáveis, então dentro desta matriz de transporte, o setor aquaviário representa apenas 13%. Isso precisa ser melhor distribuído", conclui.

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