Queda nas importações de minério diminui crescimento do país
As estatísticas comerciais mais recentes da China fornecem sinais preocupantes para o mercado logístico, uma vez que o crescimento econômico e comercial do país está desacelerando.Os números de julho mostram que o crescimento das importações diminuiu em 22,7% na comparação anual, para US$ 116,8 bilhões, em relação com o valor de 34,1% em junho. Este é o quarto mês consecutivo a registrar diminuição no ritmo de importação.
As exportações aumentaram 38,1%, para US$ 145,5 bilhões, fixando um novo recorde - mas também registrando queda na taxa de crescimento em relação aos 43,9% de junho. O abrandamento é atribuído, em parte, a um aumento das exportações antecedendo o fim de abatimentos fiscais por parte do governo sobre algumas exportações. Há indícios de que a exportação de contêineres atingiu o período de pico máximo antes do esperado.
A aparente diminuição do crescimento de importações reflete uma ação do governo chinês para conter a própria expansão econômica - que vinha em ritmo acelerado - mas com o transporte marítimo altamente dependente da demanda de importações no país, especialmente nos setores graneleiro e de petróleo bruto.
A China importou cerca de 51,2 milhões de toneladas de minério de ferro em julho, de acordo com a Administração Geral das Alfândegas da China. O valor é cerca de 8,5% superior aos 47,2 milhões de toneladas em junho, mas seguiu-se a quatro meses de déficit nas importações, caindo 12% ao ano.
O aumento em julho foi parcialmente alavancado por um incremento nos conhecimentos de embarque assinados antes de 1º de julho, que foi o prazo para preços de minério de ferro no terceiro trimestre, de acordo com a corretora Lorentzen & Stemoco.
As exportações de aço da China continuaram a crescer, com cerca de 4,6 milhões de toneladas embarcadas em julho. Isto eleva o total deste ano até o momento para 28,1 milhões de toneladas, mais do que o dobro do valor para o mesmo período em 2009.
No entanto, a Lorentzen & Stemoco argumentou que isso indica uma queda no setor de construção e escassez de reservas de aço da China. O mercado imobiliário do país esfriou consideravelmente, apresentando forte diminuição dos preços de imóveis nos últimos dois meses.
As importações chinesas de petróleo bruto caíram em 15,5% de junho a julho, para 18,8 milhões de toneladas. Este valor é 4,5% menor do que o de julho de 2009, e a primeira queda anual desde março do ano passado, apontando uma possível desaceleração na economia.
Ainda que, até o momento, os números de crescimento da China continuem na casa dos dois dígitos, a Arctic Securities declarou que a desaceleração é um indicador negativo para a demanda por commodities do país, como o minério de ferro.
Outro detalhe das estatísticas apresentadas sobre o ritmo comercial da China é o superávit de US$ 28,7 bilhões, o maior desde janeiro de 2009. Isto aumentará a pressão chinesa para valorizar a moeda local - o iene - apesar da mudança política recente ter aumentado a flexibilidade ao câmbio do dólar.