Pesca recebe incentivo e porto aguarda solução
A espera pela reconstrução do porto mantém a insegurança do estivador Maykon Ricardo Teixeira. Sete meses foram tempo suficiente para a família declinar da classe média para o que ele chama de “pobreza”. Depois de cortar todas as despesas possíveis da casa, a ajuda em forma de cestas básicas, enviadas aos portuários pelos governos do Paraná e de Santa Catarina, evitou que a família passasse necessidades.– A tudo a gente se adapta, menos à falta de perspectiva. Ver o porto com as obras paradas, ver que as grandes cargas não entram por falta de dragagem, é ver que não se tem futuro aqui – diz.
A categoria dos trabalhadores portuários avulsos, à qual Maykon pertence, recebe por produção. Cerca de 800 trabalhadores estão em situação semelhante, em Itajaí. Em esquema de rodízio, trabalham dois dias por mês. A categoria reclama que famílias que sacaram o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não têm a quem recorrer.
– Estamos usando o FGTS, que era a nossa garantia de futuro, para comprar comida. Não tem carga no porto, não tem trabalho – conta Marco Antônio Chaves, outro estivador à espera dos navios.
A falta de cargas no complexo portuário é consequência direta do atraso na conclusão da dragagem. A obra, que deveria ter ficado pronta em janeiro deste ano, deve terminar em julho. Segundo o Diretor Comercial do Porto de Itajaí, Robert Grantham, os navios vindos da Ásia carregados de importações, por causa da queda do dólar, estão desviando para outros portos.
Além dos portuários avulsos, os trabalhadores com carteira assinada também enfrentam reflexos graves da situação do porto em Itajaí. De acordo com o Ministério do Trabalho, a cidade perdeu 660 vagas de emprego de dezembro do ano passado a abril deste ano. No mesmo intervalo, entre 2007 e 2008, Itajaí havia gerado mais de 2 mil empregos com carteira assinada.